O aumento do número de militares no governo Bolsonaro foi alvo de crítica do e-x ministro José Dirceu, em entrevista exclusiva feita pelo jornalista Mauro Ramos, do Brasil de Fato e veiculada no Jornal Brasil Atual - Edição da Tarde, na Rádio Brasil Atual nesta quinta-feira (20).
Com extenso currículo, Dirceu fez questão de lembrar e acrescentar em sua biografia: “Eu também sou ex-preso do Mensalão e da Lava-Jato. Quero que fique registrado, pra lembrar que nós temos a tarefa de desvendar o que foi o Mensalão, que foi começo desse golpe – prisão do Lula – e também lembrar a tragédia que representou a Lava-Jato ao país: o desmonte do projeto de transformar o Brasil num exportador de capital, tecnologia e serviços para sairmos dessa desigualdade que nos envergonha”.
José Dirceu, aos 73 anos, segue ativo politicamente, acompanhando as políticas adotadas pelo atual governo e fazendo suas críticas. “Na Ditadura aumentou a pobreza e a miséria no país, agora novamente a política econômica é excludente. Assim como vimos no Chile, Peru, Colômbia, e levou a esses levantes populares que vimos. É um modelo que o país cresce 15 anos, de 3% a 4%, mas aumenta a pobreza e a miséria.”
Dirceu fala sobre o processo de militarização que o governo de Jair Bolsonaro está estruturando. O Diário Oficial da União da última sexta-feira publicou a nomeação do general Walter Souza Braga Netto, chefe do Estado-Maior do Exército, para o ministério Casa Civil.
Bolsonaro colocou sob sua subordinação direta a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, e nomeou o almirante Flávio Augusto Viana Rocha chefiar o órgão. E ainda nesta terça, o presidente exonerou Angela Flores Furtado da presidência do Inmetro, e nomeou no lugar dela o coronel Marcos Heleno Guerson de Oliveira Junior.
Ao final da conversa, Dirceu fez uma análise de quais foram os passos para que se chegasse ao golpe contra a presidenta Dilma, em 2016.
Segundo o ex-ministro, o governo petista “se baseou não só na distribuição de renda, mas também num projeto que o Brasil ganhasse o tempo perdido de industrialização, no avanço de inovação tecnológica. Como nós não fizemos as reformas estruturais, porque nunca tivemos maioria no congresso, esse projeto tinha vida curta e enfrentou crises. Numa dessas crises deram o golpe na presidenta Dilma”.
Confira a entrevista na íntegra acima.
Edição: Lucas Weber