Carnaval 2020

Com protestos contra Bolsonaro, bloco LGBT+ MinhoQueens arrasta multidão em SP

Respeito e diversidade marcam a passagem do bloco pelo centro da capital paulista

São Paulo |
Yuri Oliveira de Almeida destacou que por conta do governo atual, estar em um bloco onde se sente acolhido é fundamental - Sheila de Oliveira

Muito glitter, carão e resistência. Assim foi a passagem do MinhoQueens pelas ruas do centro de São Paulo. O bloco saiu da esquina mais famosa da capital, Av. Ipiranga com Av. São João, neste sábado (22), e arrastou milhares de pessoas embaladas por divas da música pop e por gritos de protestos contra o presidente Jair Bolsonaro.


Ao centro, homenagem à drag do reality show RuPaul's Drag Race, Alaska Thunderfuck 5000 / Foto: Sheila de Oliveira

Entre os foliões, respeito e diversidade puderam conviver e se divertir juntos. “O bloco abraça você e toda a diversidade e você pode usar o que quiser, sem preconceito”, afirmou Alaska Thunderfuck 5000. (O nome faz referência à drag que participou do reality show 'RuPaul's Drag Race').

Vindo do Rio de Janeiro, Yuri Oliveira de Almeida destacou que por conta do atual governo de Bolsonaro, conhecido por declarações homofóbicas, estar em um bloco onde se sente representado e acolhido é fundamental. "É um espaço de todos e todas”, disse.


Natália Branco Marinho (direita) e as amigas disseram que no MinhoQueens não precisa de 'não é não'. / Sheila de Oliveira

A mesma opinião é compartilhada pela "hétera", como fez questão de ressaltar, Natália Branco Marinho. “Já vim no ano passado e me senti com liberdade de vir do jeito que eu quiser. Posso vir só de body e meia, com bumbum de fora, de decote, de drag, de hétero. Todos se respeitam, se divertem, nem precisa do ‘não é não’, só estamos nos divertindo”, contou.

Segundo uma pesquisa do #VoteLGBT, realizada em 2019 com 1.214 entrevistados em blocos de São Paulo, 50% das pessoas declararam já ter sofrido violência motivada por LGBTfobia. No Carnaval, os ataques à comunidade crescem: 61% declararam ter sofrido assédio.


Foliões de todas as tribos se juntam pra curtir o carnaval.  / Sheila de Oliveira

Preocupado com os ataques, Bruno Medeiros explicou sua preferência pelo bloco. “O MinhoQueens não tem histórico de violência contra LGBT+”, apontou.

MinhoQueens

O bloco nasceu em 2015 pela iniciativa do executivo e drag queen Fernando Magrin, a Mama Darling, gerente de negócios de uma companhia aérea. Nesse ano, as drags Lia Clark e Kika Boom foram as atrações principais do desfile. O bloco encerrou às 18h, uma hora antes do previsto, devido a uma confusão provocada por um pequeno grupo de homens. O próprio público pediu para os autores da briga deixarem o bloco. Duas pessoas foram atendidas por ferimentos leves com garrafas devido ao tumulto.

 

Edição: Camila Salmazio