Após o ato organizado para o dia 15 de março contra o Congresso Nacional receber o apoio do presidente Jair Bolsonaro, centrais sindicais, movimentos sociais e feministas ampliaram os protestos já agendados para março.
Maria Júlia Montero, da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), afirma que a pauta central do 8 de março é contra o governo Bolsonaro: “Não é só contra ministro X ou Y, 'Fora Guedes' ou 'Fora Damares'. Queremos esse governo todo fora, não tem salvação. Esse governo inteiro é um retrocesso para as mulheres. Já vínhamos afirmando e isso se torna cada vez mais claro, que é um governo fascista. Suas afirmações são fascistas”.
Nesta quinta-feira (27), a alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, citou o Brasil entre os cerca de 30 lugares no mundo onde existem sérias preocupações em relação a violações de direitos humanos. Em resposta, a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo negou as denúncias de Bachelet e afirmou que elas têm “motivação política”.
Para comentar as denúncias contra o Estado brasileiro na sessão anual do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, o Jornal Brasil Atual recebe o coordenador da área de memória, verdade e justiça do Instituto Vladimir Herzog, Lucas Paolo.
Paolo comentou o papel do Brasil, que ocupa uma cadeira no Conselho de Direitos Humanos da ONU, na reunião: "O governo brasileiro, representado pela ministra [da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos] Damares Alves, tem atuado de maneira a legitimar esse espaço, mas deturpando, desviando esse espaço, desviando a compreensão dos direitos humanos do que historicamente tem se compreendido e do que são os próprios parâmetros da ONU sobre direitos humanos".
O integrante do Instituto Vladimir Herzog, afirmou que, na verdade, as falas ideológicas foram as do governo brasileiro na reunião: "É curioso porque, após a fala da Bachelet, a resposta da Damares e da embaixadora do Brasil na ONU é que o discurso da Bachelet foi politicamente direcionado, mas o que a gente viu foi justamente o contrário. A ministra Damares Alves começa a fala dela com uma orientação política e ideológica muito clara: de marcar que o maior problema do país em relação aos direitos humanos era a corrupção, ou seja, marcando um viés altamente ideológico pra falar de direitos humanos".
Paolo também criticou a defesa infundada feita pelo governo brasileiro de suas próprias ações em relação aos direitos humanos: "O que a gente viu na fala da ministra Damares foi, primeiro, o enaltecimento de políticas públicas de direitos humanos sem nenhum dado, de maneira que não se sustenta; ela falou da defesa do SUS, e o que a gente está vendo é justamente o contrário; falou sobre a proteção da Amazônia e dos povos tradicionais, quando o que vemos é um crescimento da perseguição aos indígenas, às lideranças camponesas, ribeirinhas, inclusive com aumento de mortes".
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