Pela primeira vez, em Curitiba, a programação do dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, ocorre na periferia da cidade. Conhecida mundialmente como "cidade modelo", a capital paranaense é dividida entre centro, bairros nobres e periferia.
Os bairros periféricos parecem ficar escondidos propositalmente aos olhos de quem visita a cidade e também do poder público. O ato “Mulheres da favela exigem paz” foi organizado pelas mulheres do bairro periférico Parolin, em parceria com entidades e movimentos populares. A atividade reuniu centenas de pessoas, de 8h às 12h, quando balões brancos foram soltos no céu representando o pedido de paz.
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O bairro Parolin está entre os piores índices de desenvolvimento humano municipal, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é de 0,623. Moradora do bairro há 27 anos, Maria Aparecida Ferreira diz que o pedido de paz é porque existem mortes e desigualdade no lugar onde se mora. “Temos muitas mães chorando todos os dias aqui por causa da violência. A nossa favela parece que está esquecida. A gente quer que as autoridades abram os olhos para nossa comunidade”, disse.
Denúncia
Ao longo da marcha, foram realizados atos de denúncias sobre o descaso dos governos municipal e estadual com os bairros periféricos. Segurando cartazes com as fotos do prefeito Rafael Greca (DEM), do governador Ratinho Junior (PSD), entre outros, as mulheres falaram sobre déficit de moradia, condições precárias de infraestrutura e falta de vagas nas creches.
Andreia de Lima, uma das organizadoras da marcha do 8 de março deste ano e também moradora do Parolin, falou sobre todos os direitos ainda não garantidos às mulheres moradoras de favelas. “Não nos permitem que saiamos de manhã e deixemos nossos filhos nas creches, escolas. Não nos dão o direito de moradia com qualidade e quando conseguimos emprego, temos que ser ou zeladora ou catar nossos carrinhos e ir para rua com nossos filhos”, afirmou.
Durante a manhã, a marcha parou em três pontos do bairro, onde foram realizadas performances sobre temas relacionados à vida das mulheres. Um dos atos de denúncia falava sobre os preconceitos que as moradoras de favela sofrem para ter acesso a empregos e as desigualdades vividas por mulheres no mercado de trabalho. Outro momento de denúncia reivindicava educação pública, gratuita e de qualidade para todas as pessoas, independente de classe social ou lugar de moradia.
Nina Ribeiro, moradora do Parolin há 30 anos, fez uso da palavra e disse acreditar que, com o esforço de todas, a realidade local mudará. “Nosso Parolin já não é mais favela, é um bairro. E acredito que o esforço de cada um vai representar muito para nós. É nisso que acredito: que daqui a pouco seremos bem sucedidos no nosso bairro. Com a união e esforço de todas, seremos bem sucedidas no que desejamos", disse.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Camila Maciel e Lia Bianchini