A região metropolitana de Nova Delhi, capital da Índia, tem 25 milhões de habitantes e três casos confirmados de coronavírus. A incidência proporcional é seis vezes menor que na região metropolitana de São Paulo, que diagnosticou 16 casos em um total de 21,5 milhões de habitantes.
Mesmo assim, as medidas adotadas pelo governo de Delhi para prevenção e controle da doença são mais drásticas que na cidade mais populosa do Brasil.
Na última quinta-feira (5), o governo informou que todas escolas primárias da capital indiana ficarão fechadas durante o mês de março. Ao final desse período, a decisão será reavaliada. Na cidade de São Paulo, as aulas foram interrompidas na sexta (6) apenas na escola privada Avenues, após um estudante do 7º ano ser diagnosticado com coronavírus após viagem aos Estados Unidos no Carnaval.
O colégio Bandeirantes, também da rede privada paulistana, informou que tem uma estudante com Covid-19 – doença causada pelo coronavírus –, mas não suspendeu aulas nem determinou quarentena. A direção comunicou que está alinhada às ações do Ministério da Saúde para contingência do vírus e enviou um material com instruções aos pais e alunos.
O governo de São Paulo também publicou materiais informativos e orientou todas as escolas públicas a promoverem uma semana de prevenção. Em todo o mundo, 300 milhões de estudantes tiveram o ano letivo afetado pelo coronavírus.
Em Delhi, o governo também adotou um sistema rigoroso de rastreio e acompanhamento de todas as pessoas que possam ter entrado em contato com os pacientes infectados. O Ministério da Saúde encaminha todos eles para quarentena, e 25 hospitais habilitados realizam a coleta de amostras. Esse procedimento foi feito, por exemplo, com 20 turistas italianos na última quarta-feira (4) – a Itália é o país europeu mais afetado pela epidemia, com quase 8 mil casos confirmados.
A partir desse rastreamento, descobriu-se que o primeiro paciente de Delhi, vindo da Itália, entrou em contato com 105 pessoas antes do diagnóstico. O segundo entrou em contato com outras 168 pessoas, e o terceiro, com 64. Todos os 337 foram colocados em quarentena.
Os viajantes que desembarcam em Delhi após visita a países afetados pelo vírus são monitorados a cada doze horas, durante quinze dias, para identificação de possíveis sintomas. Ônibus, trens, metrôs e hospitais da capital são desinfetados diariamente, e há 40 médicos de plantão no aeroporto internacional Indira Gandhi. Ao todo, a cidade tem 168 leitos isolados para pacientes com suspeita do vírus.
As chuvas inesperadas dos últimos dias têm provocado gripes e resfriados na capital indiana, aumentando o pânico entre os moradores e obrigando o governo a dar respostas. Em seus discursos mais recentes, o ministro-chefe [cargo equivalente a governador] de Delhi, Arjind Kerjiwal, tem variado entre pedidos de calma e de “atenção máxima”, além de apelar aos empregadores que concedam férias remuneradas a todos os que estão em quarentena.
No estado de São Paulo, o governo João Doria (PSDB) reuniu prefeitos na última semana para elaboração de medidas conjuntas contra o coronavírus. Na ocasião, insistiu que “não há motivo para pânico”. O tucano também lançou um comitê de combate a notícias falsas sobre o vírus e um manual sobre prevenção para acesso on-line.
A Índia contabiliza 42 pacientes diagnosticados com coronavírus. No Brasil, são 25 casos confirmados. Nenhum dos dois países registrou mortes por Covid-19 até o momento.
Edição: Leandro Melito