Podemos minimizar os efeitos com ações muito fortes no modo de produzir e de consumir da sociedade
Nos últimos meses, as recentes inundações nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo vitimaram pelo menos 70 pessoas e deixaram dezenas de milhares de desalojados ou desabrigados.
Há pouco mais de uma semana, um temporal atingiu a Baixada Santista, região do litoral sul de São Paulo. Mais de 40 pessoas morreram, segundo a Defesa Civil do estado.
Diante de eventos como esses, é comum o uso do termo “desastre natural”. Mas seria mesmo uma ação da natureza ou uma resposta da natureza à ação humana?
No programa Bem Viver desta quarta-feira (11), a professora Lucia da Costa Ferreira responde a essa questão. Ela é coordenadora do doutorado em Ambiente e Sociedade do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Segundo a pesquisadora, trata-se, sim, de fenômenos naturais, que sempre existiram, mas que foram potencializados pela ação do ser humano. As mudanças climáticas, associadas à industrialização e à produção baseada em combustíveis fósseis, são exemplos citados por ela de ações que geram consequências graves ao meio ambiente.
“Só podemos minimizar os efeitos das mudanças climáticas com ações muito fortes no modo de produzir e de consumir da sociedade. Isso tem que ser muito rápido. Antes dizíamos: ‘é pra amanhã, nós vivemos situações extremas’. Isso não existe mais. Já estamos vivendo esse fenômeno.”, aponta.
Outro ponto destacado pela pesquisadora é a urbanização desenfreada. Ela afirma que "as cidades são construídas para que as enchentes ocorram".
Na entrevista ao Bem Viver, Ferreira também avalia a postura do governo de Jair Bolsonaro diante da necessidade de esforços para conter as mudanças climáticas. De acordo com a pesquisadora, o Brasil teve um atraso no último ano em termos de política ambiental, que, em sua opinião, deve perdurar pelos próximos.
“O Brasil era uma liderança internacional na questão ambiental, por ser um produtor de energia não-fóssil. De repente, fomos parar na rabeira, para a pior situação de tratamento da questão ambiental por esse governo. Isso é lamentável”, diz.
Luta por direitos e agroecologia
Março é o mês que marca a luta das mulheres. O Bem Viver desta quarta-feira destaca as ações realizadas por trabalhadoras em todo o país, como parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra.
Na Paraíba, cerca de 10 mil mulheres participam nesta quinta-feira (12) da Marcha Pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia. Em sua 11ª edição, a mobilização leva para as ruas a temática do feminicídio.
Saúde
O número de infectados pelo novo coronavírus (Covid-19) já passa de 100 mil em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). O Brasil tem 34 casos da doença confirmados, conforme o último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (10).
Um passo importante para estudar a epidemia e as possíveis formas de combatê-la é o sequenciamento genético do vírus. Nesta edição do Bem Viver, você confere uma entrevista com a biomédica Ingra Morales, uma das cientistas que sequenciaram o genoma do vírus em apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso da doença no Brasil.
Sintonize
O programa Bem Viver vai ao ar toda quarta-feira, a partir das 9h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM em São Paulo e 102,7 FM no noroeste paulista.
A programação também estará disponível na rádio web do Brasil de Fato, toda sexta-feira, às 9h no site da Rádio Brasil de Fato.
Edição: Geisa Marques