Infarto

Ex-ministro e coordenador da campanha de Bolsonaro, Gustavo Bebianno morre aos 56

Bebianno estava em um sítio com seu filho em Teresópolis (RJ) e um caseiro no momento do infarto

Brasil de Fato | São Paulo |
Ex-ministro de Jair Bolsonaro, Gustavo Bebianno foi demitido após ser envolvido no escândalo do laranjal do PSL - Valter Campanato / Abr

Gustavo Bebianno, ex-secretário geral da Presidência morreu na manhã deste sábado (14) aos 56 anos após sofrer um infarto fulminante. A informação foi divulgada pelo presidente estadual do PSDB no Rio de Janeiro, Paulo Marinho. Bebianno era pré-candidato à prefeitura da capital carioca pelo partido.

Bebianno estava em um sítio com seu filho em Teresópolis (RJ) e um caseiro no momento do infarto, por volta das 4h, chegou a ser encaminhado a uma unidade de atendimento hospitalar mas não resistiu. Deixa esposa e dois filhos.

"O Brasil ainda vai enxergar quem são Bolsonaro e seus filhotes"

"Todos que tentam trabalhar terminam alvejados pelas costas. O Brasil ainda vai enxergar quem são Bolsonaro e seus filhotes". Essa foi a última declaração à imprensa feita por Bebianno, publicada na madrugada deste sábado (14) na coluna Painel do jornal Folha de S. Paulo. A fala do ex-ministro foi em relação ao processo de fritura que está sendo feito no momento com Luiz Eduardo Ramos, que ocupa o mesmo cargo que foi de Bebianno anteriormente.

Desde que deixou o cargo, ele passou a criticar publicamente o governo de Jair Bolsonaro, e as críticas se intensificaram nos últimos meses. O ex-ministro foi o entrevistado do programa Roda Viva, da TV Cultura, realizado na segunda-feira (2) e teceu duras críticas ao ex-chefe.

Ao falar sobre o futuro do atual governo, Bebianno disse temer "por uma ruptura institucional" e afirmou que principal objetivo de Bolsonaro no governo é a  reeleição. "Ele praticamente não trabalha pelo Brasil. O risco é esse, a começar pelos filhos. AI 5 pra cá e pra lá, críticas infundadas a outros poderes", afirmou.

Durante a entrevista, Bebianno também disse  que o filho do presidente, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSC), atrapalhou o esquema de segurança no dia que Bolsonaro foi esfaqueado.

"Atrapalhou o esquema de segurança, o que resultou no não uso do colete e naquela tragédia da facada. Nem eu, nem o capitão Cordeiro e nem o Max, do Bope, pudemor ir no carro. O resultado? Ele [Jair Bolsonaro] desembarcou sem o colete. O colete não teria evitado 100% o ferimento, mas teria limitado a penetração  da faca", afirmou ao se referir que a equipe responsável pela segurança não estava no carro devido à insistência de Carlos Bolsonaro em acompanhar o pai na ocasião.

Ex-aliado


Gustavo Bebianno foi coordenador da campanha presidencial de Jair Bolsonaro  / Mauro Pimentel / AFP

Bebianno começou a trabalhar como advogado de Jair Bolsonaro em 2017, quando o então deputado preparava sua candidatura à Presidência. Em 2018, ano eleitoral, Bebianno assumiu a coordenação nacional da campanha de Jair Bolsonaro assim como a presidência do PSL, partido que elegeu o atual presidente.

Laranjal

Nomeado para a Secretaria Geral da Presidência, Bebianno esteve no centro do escândalo de candidaturas-laranja nas eleições 2018. Coordenador de campanha e presidente interino do partido na disputa eleitoral, autorizou o repasse de dinheiro dos fundos eleitoral e partidário para candidatas a deputada a poucos dias da eleição.

Os recursos foram então repassados a uma gráfica que sequer possui maquinário para a impressão de material. As candidaturas-laranjas de mulheres serviram para cumprir o percentual mínimo (30%) exigido pela legislação eleitoral.

Em meio ao escândalo, Bebianno foi demitido do governo em fevereiro de 2018, após atritos com o filho do presidente, Carlos Bolsonaro. O porta-voz do Palácio do Planalto, general Otávio Rêgo Barros, comunicou a exoneração de Bebianno e alegou como motivo "foro íntimo" do presidente.

Edição: Leandro Melito