A Secretaria de Saúde da Paraíba recebeu, na tarde desta quarta-feira (18) o exame que confirma o primeiro caso do covid-19 no estado. Trata-se de um homem de 60 anos, residente na capital, João Pessoa, com histórico de viagem para Europa, retornando ao Brasil no dia 29 de fevereiro. O paciente foi atendido pela rede privada, esteve em isolamento domiciliar e está fora do período de contaminação da doença.
Já o caso de uma mulher de 39 anos, que faleceu na madrugada de quarta-feira (18), no Hospital Universitário Nova Esperança (HUNE), também em João Pessoa, foi notificado como suspeito até o momento. O material para teste foi colhido e os resultados dos exames são aguardados. A paciente apresentava comorbidades, ou seja, presença de mais de uma ou de várias doenças na mesma pessoa.
Até o momento, a Paraíba realizou a notificação e coleta de 96 casos, sendo um confirmado, 16 descartados e 80 aguardam resultado da análise dos exames pelo Instituto Evandro Chagas, em Belém (PA), referência regional na área.
Boatos de subnotificação
O secretário de Saúde da Paraíba, Geraldo Medeiros, desmentiu, em entrevista a um programa de rádio local, na tarde desta quarta (18), a informação que chamou de "boato" de que estaria havendo subnotificação dos casos de coronavírus no estado. Segundo ele, o sistema de saúde está preparado com todo o suporte necessário para identificar e tratar os casos.
O secretário explicou que, desde o dia 21 de fevereiro, há um planejamento estratégico que contempla todos os cenários possíveis. “Temos 590 respiradores que podem ser remanejados e oito ondas que podem ser disparadas, paulatinamente, com 30 leitos de enfermaria e dez leitos de UTI, distribuídos de acordo com a demanda e que serão disparados, novamente, quando 50% dos leitos estiverem ocupados. Temos 250 leitos de UTI", informou.
"Em relação à disponibilidade de coleta de material e exames, há os técnicos de vigilância em saúde da secretaria e um posto de coleta no Juliano Moreira, criado nesta terça (17), obedecendo ao protocolo do Ministério da Saúde”, disse.
Medidas contra a propagação
Na tentativa de conter o avanço do coronavírus no estado da Paraíba, o governador João Azevedo (Cidadania) anunciou, na terça-feira (17), uma série de medidas. A ação ocorreu quando ainda não havia casos confirmados e ocorreu no sentido de prevenir o avanço do vírus e evitar pânico na população.
“Precisamos da colaboração de toda população para entender a necessidade do isolamento social , para evitar a contaminação. O objetivo é fazer com que o dano seja o menor possível”, disse o governador.
Por meio de normativa, o governo estabeleceu também que pessoas com febre e coriza devem permanecer em casa. Quem apresentar falta de ar deve procurar as unidades de saúde.
Confira as medidas adotadas na Paraíba:
- Redução de visitas hospitalares;
- Suspensão do atendimento ao público externo nas repartições públicas, priorizando o atendimento virtual;
- Servidores do estado maiores de 60 anos deverão executar suas atividades em casa (home office);
- Servidores cumprirão seus expedientes de trabalho em dias alternados, sem prejuízo das atribuições inerentes ao órgão, devendo permanecer, nos horários de expediente, em suas residências, de sobreaviso, com possibilidade de serem convocados a qualquer momento e à disposição para executar os trabalhos que podem ser realizados pelos meios de comunicação disponíveis (home office), exceto servidores da Saúde e Segurança Pública;
- Os órgãos realizarão o planejamento das escalas dos seus servidores, para que os serviços públicos prestados não sofram solução de continuidade;
- Não realização de atividades promovidas pelo governo do estado que envolvam aglomerações de pessoas;
- Suspensão de eventos de massa pelo prazo de 90 (noventa) dias;
- Suspensão de viagens de servidores estaduais para fora do estado;
- Quarentena para viajantes nacionais do Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Bahia e Pernambuco, por um período de 14 dias, quando ficarão em observação.
Confira a Normativa na íntegra aqui.
Insatisfação dos professores em relação às férias decretadas
Um ponto polêmico na normativa do governo estadual foi em relação às férias das escolas da rede estadual. "Férias antecipadas, a partir do dia 19 de março, em quarentena? Não seria o caso de suspender as aulas ao invés de dar férias, que é um direito das trabalhadoras e trabalhadores?", disse Danielle Alexa, professora de português em Mamanguape (PB).
Em entrevista ao Brasil de Fato Paraíba, o advogado Joel Cavalcante afirmou acreditar que o governador deve rever essa medida, aperfeiçoando-a.
"Eu acho que o governo vai modificar essa questão, porque férias é o direito do servidor público que trabalhou o tempo. Suspensão é diferente. Suspende as aulas, depois cria um calendário especial para a repor. Quando o governador disse que está dando férias, ele está dizendo que a gente pode sair, se divertir, uma série de coisas. Além disso, teríamos direito ao terço de férias, já que são trinta dias. Nas férias você se diverte, nas férias você curte a vida, você vai para eventos culturais. Na Paraíba, os eventos estão suspensos também. Por isso, não são férias antecipadas, é suspensão de aulas, mas acredito que o governo do estado deve corrigir isso", explicou.
Fonte: BdF Paraíba
Edição: Heloisa de Sousa e Vivian Fernandes