Em coletiva de imprensa na manhã deste sábado (21), o governador João Doria (PSDB) anunciou a decretação de quarentena de 15 dias a partir da próxima terça-feira (24) até dia 7 de abril para conter a epidemia de coronavírus. A decisão implica no fechamento obrigatório de comércios e serviços não essenciais em todo o estado.
“É uma decretação de quarentena. Saímos do campo da recomendação para a determinação legal”, frisou Doria. “A medida pode ser renovada, estendida ou suprimida se houver necessidade, mas tem embasamento das informações que temos da área da saúde e do centro de informações do covid-19”, disse o governador.
Serviços essenciais na área da saúde pública, alimentação, abastecimento, segurança e limpeza deverão seguir funcionando, ou seja, hospitais, clínicas, farmácias e clínicas odontológicas, privadas ou públicas, continuarão abertas seguindo protocolo de prevenção ao coronavírus.
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Supermercados, hipermercados, padarias e açougues também possuem autorização para continuar funcionando. No entanto, serviços de alimentação preparadas deverão ser suspensos. Isso significa que bares, cafés e restaurante fecharão as portas até dia 7 de abril, mas poderão optar por oferecer o serviço via delivery.
Serviços de abastecimento como transportadoras, armazéns, oficinas e postos de gasolina, assim como todo o sistema de transporte público continuam operando normalmente. Bancos e lotéricas também continuarão abertas.
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Balanço
Segundo José Henrique Germann, secretário da saúde, existem 396 casos de coronavírus confirmados no estado de São Paulo, sendo 34 pacientes em estado grave. Até o momento, o estado registra 15 mortes e nove mil casos suspeitos.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) também particiou da entrevista coletiva e reforçou a necessidade da conscientização da população, que precisa permanecer em casa para evitar a proliferação da covid-19.
“Infelizmente tem muita gente achando que é uma marolinha. Não se trata de uma marolinha. Não são férias, é isolamento social. Não é apenas um ato relacionado à vigilância sanitária, é um ato de respeito solidariedade, ao próximo”, declarou, insistindo que as pessoas permaneçam em casa o máximo de tempo que puderem.
Covas acrescentou que mais de 20 carros de som circulam na capital para levar as informações para a população, orientando a não aglomeração. Em relação às medidas de saúde, o prefeito endossou que sua gestão irá instalar 2 mil leitos de baixa complexidade para pacientes com coronavírus no Pacaembu e no Anhembi, visando liberar espaço nos hospitais municipais para que tenham disponibilidade para receber pacientes com casos mais graves da covid-19.
O prefeito também anunciou a criação de mais 490 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), que atualmente conta 505 unidades.
David Uip, coordenador do Centro de Contingência para o coronavírus no estado de São Paulo, destacou que as decisões anunciadas estão sendo tomadas no oitavo dia após a detenção da transmissão comunitária com base na situação atual de avanço da doença. O cenário pode mudar a depender do que venha a acontecer.
“Levem a sério essa pandemia. Isso não é férias, não é brincadeira. Fomos informados que em alguns bairros parece que o dia a dia não mudou. Isso é muito sério. As pessoas tem que ter a compreensão da gravidade para cada um e para seus familiares”, alertou.
“Fiquem em casa”
Tanto Doria quanto Covas pediram, por diversas vezes, que a população paulista permaneça em casa. O político do PSDB disse ainda que o governo irá reforçar ações contra eventos públicos.
“Vamos adotar medidas policiais para evitar aglomerações, festas, bailes funk ou de qualquer natureza seja na capital ou qualquer outra cidade no estado de São Paulo. Não faz o menor sentido atos de irresponsabilidade de organizadores de bailes de música ou outros eventos quererem sobrepor seus interesses pessoais e econômicos ao interesse da saúde da população dos brasileiros e de São Paulo”, declarou.
Em tom elevado, Doria criticou ainda uma declaração recente de Jair Bolsonaro sobre o coronavírus, que avisou que uma “gripezinha não irá derrubá-lo”.
“É inacreditável que em um momento como esse algumas pessoas minimizem o tamanho do problema dizendo que é uma gripezinha e outros sejam promotores de eventos públicos colocando em risco a saúde da população. Repudio tanto os que minimizam quanto os que insistem em violar as regras, as leis e o sentimento de solidariedade”, afirmou Doria.
Ao responder perguntas dos jornalistas, o político voltou a dizer que recebia o posicionamento de Bolsonaro com decepção e tristeza. “Gostaria de ter um presidente que liderasse o país em uma crise como essa e não que minimizasse ou relativizasse uma questão grave para os brasileiros”.
Seguindo movimento iniciado na última terça-feira (17) em diversos estados do país, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo convocam um panelaço contra Jair Bolsonaro neste sábado (21). Com a palavra de ordem #AcabouBolsonaro e em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), o movimento tem início às 20h.
Edição: Rodrigo Chagas