Iniciativa está oferecendo alimentação, água e banho para população em situação de rua
Como deve ser o combate ao Covid-19 quando temos muitas pessoas em situação de rua pelo país? O contexto causado pela pandemia é ainda mais urgente para quem não tem uma casa para ficar em isolamento. A realidade cotidiana de quem luta por acesso a direitos moradia, água e comida, por exemplo, ficou ainda mais pesada com as possibilidades de se contrair coronavírus.
É por este motivo que foi criada a campanha da Marmita Solidária, na unidade Recife do Armazém do Campo, no bairro de Santo Antônio. A iniciativa está oferecendo água, alimentos e banhos à população em situação de rua na capital pernambucana. A campanha foi iniciada no dia 23 de março, em caráter voluntário e seguindo as normas de segurança estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde para evitar a proliferação do Covid-19
As atividades estão sendo realizadas nos turnos da manhã e da noite, levando em consideração que a Prefeitura do Recife disponibiliza almoço para a população em situação de rua. A Arquidiocese de Olinda e Recife é uma das organizações que está à frente da campanha, como afirma o bispo Limacêdo Antônio.
“Quando o Armazém [do Campo] nos propõe esse trabalho, vem justamente complementar toda ação do Estado. O Estado não dá conta, o número de pessoas é muito grande, e o Estado é consciente disso, a prefeitura também. Está aberta essa participação e diálogo com a sociedade. É importante este momento porque vamos deixando o egoísmo e abrindo o coração para partilhar”, relata.
Antes mesmo da proliferação da coronavírus em terras brasileiras, o coletivo Unificados pela População em Situação de Rua já atuava na capital pernambucana. O coletivo reúne projetos sociais e estava com dificuldades para manter o trabalho com a chegada da pandemia. A campanha Marmita Solidária possibilitou a continuidade do grupo, como relata a voluntária Priscila Hollanda.
“Nossos voluntários estão sendo selecionados por meio das redes sociais, por meio desses grupos que já compõem o Unificados. Todos os nosso voluntários recebem EPIs, que são os equipamentos de proteção individual. Então todos têm luva, tem máscara. A gente está fazendo tudo para garantir a segurança das pessoas em situação de rua e dos voluntários para que a gente não tenha uma ação rebote para aumento da proliferação do [corona]vírus”, explica.
O setor de saúde do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem acompanhado todas as ações do Marmita Solidária, considerando a higienização entre todas as pessoas, cuidado com os alimentos e organização logística do local. O MST, enquanto uma das organizações da Frente Brasil Popular, também está à frente da Marmita Solidária. Paulo Mansan é da direção estadual do MST em Pernambuco e faz parte do voluntariado da campanha.
“Nesse momento todos temos medo, mas alguém precisa fazer, ter uma iniciativa de ajuda a essa população [em situação de rua]. Por isso estamos nos colocando à serviço, transformando o restaurante do Armazém do Campo, colocando a cozinha indústrial para preparar alimento para essa população [em situação de rua]. Esperamos que possamos manter essa campanha no período que essa pandemia durar”, ressalta.
Há uma conta bancária disponível para doação. Antes compartilhar os dados, vale lembrar que o endereço do Armazém do Campo é Avenida Martins de Barros, número 387, no bairro de Santo Antônio, no centro do Recife. A campanha Marmita Solidária também está aberta a participação de voluntários. Uma opção é acessar o perfil da rede social Instagram do Unificados pela População em Situação de Rua.
Para quem decidir apoiar com o depósito bancário, pode encaminhar o valor para a Associação da Juventude Camponesa Nordestina - Terra Livre, sendo Banco do Brasil, agência 0697-1, conta corrente 58892-x. O CNPJ é 09.423.270/0001-80.
Edição: Lucas Weber