Na entrevista do Brasil de Fato 11h30, na segunda, 30, o antropólogo Tomás Melo, que trabalha na ONG INRua e no Projeto Mãos Invisíveis, relatou a situação que tem encontrado no atendimento à população em situação de rua em Curitiba em tempos de pandemia.
Ele lembra que o problema, que já é grave, se complica ainda mais, porque essas pessoas não têm como se isolar, não possuem moradia permanente, e já se encontram extremamente empobrecidas. O que se agrava ainda mais com a dificuldade das entidades da sociedade civil ajudarem. “Quando as organizações filantrópicas foram orientadas a não fazer doações, não fazerem aglomerações nas ruas, as pessoas em situação de rua ficaram jogadas à própria sorte, até por estarem desinformadas do que vem acontecendo”, diz Tomás. E está faltando de tudo, água, alimentação, produtos de higiene.
Para ele, já existe um problema em Curitiba, e no Brasil todo, de que o número de vagas de acolhimento é infinitamente menor que a demanda. “Esse é um problema duradouro e que num momento de crise fica mais evidente”, afirma. Além do que muitas pessoas não aceitam o atendimento da prefeitura. “Existe um grande grupo de pessoas que não adere a esses serviços (como abrigos). Seja por problemas de saúde mental, dependência severa de substâncias químicas etc. E como não aderem não há uma resposta alternativa da administração municipal. Mas é necessário fazer algo para que não haja um extermínio, uma mortalidade muito grande dessas pessoas”, conclui Tomás.
Doações na Colmeia Cultural
Várias organizações, entre elas o Projeto Mãos Invisíveis, estão se reunindo na Colmeia Cultural para receber doações, cozinhar e distribuir alimentos e outros itens para a população em situação de rua e para trabalhadores em dificuldades no bairro. Quem quiser doar ou contribuir com trabalho pode ir até a Rua Padre Isaías de Andrade, 409, no Parolin, Curitiba. Ou entrar em contato pelo face: https://www.facebook.com/pg/colmeiaculturalcuritiba/
Edit. Inclusão. Confira a resposta da Assessoria de imprensa da Fundação de Ação Social (FAS) à questão do Brasil de Fato Paraná:
Brasil de Fato Paraná – A população em situação de rua, sobretudo aquela que vive no centro da capital, reclama que tem acesso à alimentação apenas vinda da sociedade civil, mas que a prefeitura, de acordo com ongs e movimentos que atuam na área, não tem fornecido auxílio neste sentido. Como a prefeitura se posiciona frente a essas críticas?
"A Fundação de Ação Social (FAS), responsável pela política da assistência social no município, oferece vários serviços, entre eles alimentação, para a população em situação de rua em unidades destinadas ao atendimento desse público.
São elas:
Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centros Pop) – atendimento durante o dia – oferece café da manhã e almoço.
Casas de Passagem – acolhimento durante a noite – oferece jantar e café da manhã.
Unidades de Acolhimento Institucional (UAIs) – acolhimento durante dia e noite – oferece café da manhã, almoço e jantar.
República – moradia compartilhada – fornecimento de subsídio alimentar nos Armazéns da Família.
Na última semana de março, a FAS abriu mais três unidades emergenciais para acolhimento de pessoas em situação de rua onde são oferecidos também café da manhã, almoço e jantar.
Neste momento de prevenção e controle da contaminação do novo coronavírus, a FAS intensificou o convite às pessoas em situação de rua para que aceitem atendimento nas unidades municipais, onde além de alimentação, encontram local param higiene pessoal, álcool gel e roupas limpas.
A população em situação de rua é atendida ainda pelo programa Mesa Solidária, da Secretaria Municipal da Segurança Alimentar e Nutricional. O programa oferece servimento de 300 lanches e 300 marmitas no Restaurante Popular da Matriz. Outras 300 refeições são servidas à noite no Restaurante Popular do Capanema. Neste último local, as refeições são feitas e servidas por voluntários e entidades sociais."