Sensíveis aos impactos do isolamento social por conta do coronavírus na vida das periferias e comunidades, onde muitas famílias sobrevivem como autônomos ou em trabalhos informais, sem condições adequadas de saneamento básico e com outros problemas que historicamente ficam em segundo plano nas prioridades do poder público, organizações comunitárias estão se destacando no auxílio a quem mais precisa. Na Vila dos Herdeiros, que faz parte da região da Lomba do Pinheiro, zona leste de Porto Alegre, 200 famílias receberam cestas básicas, neste sábado (4), com alimentos e produtos de higiene.
Como conta dona Íngrid, uma das pessoas que recebeu a cesta básica nesta ação do recém criado Comitê Gaúcho de Combate à Fome da Lomba do Pinheiro, a doação contribui na alimentação de muita gente. “Na casa da minha mãe tem bastante criança e também pessoas idosas que moram juntos. É importante porque tem muita gente passando necessidade, que não tá podendo trabalhar porque é camelô, vende salgados, essas coisas”, conta.
“Aqui na vila tem aqueles de classe média, de classe baixa e aqueles em extrema vulnerabilidade. Fizemos mapeamento para alcançar esses mais necessitados”, explica Paula Guedes, trabalhadora da SDV Reciclagem que compõe a ação. A SDV Reciclagem é formada por mulheres chefes de família que sustentam seus lares através do trabalho com os resíduos sólidos. “O momento exige a união de todos. Independente de classe ou cor, todos têm que ser alcançados, porque é uma coisa que parou o mundo, mas não quer dizer que paramos de lutar”, afirma.
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O vice-presidente do Conselho Popular da Lomba do Pinheiro, Isnar Borges, explica que as doações na Vila dos Herdeiros foram possíveis através de uma parceria entre o Condomínio Atmosfera, a SDV Reciclagem, a Associação Santa Paula, a Igreja Nossa Senhora do Rosário e a Escola de Educação Infantil Planeta Mágico. Na semana que passou, aponta, “foram entregues também cestas para outras vilas e para uma comunidade indígena guarani na Lomba do Pinheiro”.
Além de distribuir os alimentos, destaca Isnar, o Comitê está ampliando a rede de apoio aos moradores. “Estamos cadastrando todas as famílias com necessidades para que a gente tenha um cadastro único, nosso, para saber quem são as famílias que precisam e quem está ajudando”, afirma. Ressalta ainda que, a partir desse cadastro, o Comitê está criando um serviço de informação para ajudar às famílias a recorrer ao auxílio financeiro que será dado pelo governo federal.
O Comitê Gaúcho de Emergência no Combate à Fome foi criado emergencialmente pelo Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Rio Grande do Sul (Consea-RS). Nasceu em 26 de março, quando diversas organizações da sociedade civil, da academia e representantes dos governos estadual e federal debateram a urgência de ações que possam garantir a segurança alimentar dos gaúchos frente a covid-19.
“A nossa ideia é fazer o processo de acompanhamento, visitar as pessoas que estão se cadastrando para ver a situação delas”, aponta Isnar. Segundo ele, a partir do acompanhamento, serão feitas novas doações. A ação do Comitê foi transmitida pela Rede Soberania.
Como doar
O grupo pede doações. Alimentos não perecíveis podem ser entregues diretamente no comitê central da Lomba do Pinheiro, que fica na rua João de Oliveira Remião, 6565, na parada 15 (Casa da Zailde). Para quem não puder sair de casa, as contribuições podem ser feitas em dinheiro, na seguinte conta:
Caixa Econômica Federal
Ag 0445 003
Conta 2068-3
Associação Loteamento Santa Paula
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko
