As principais universidades do Rio de Janeiro estão colocando o conhecimento científico a serviço do combate à pandemia da covid-19. Nos últimos dias, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e a PUC-Rio anunciaram uma série de medidas para ajudar médicos e hospitais em todo o país.
Uma das maiores deficiências nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do país são os ventiladores mecânicos, que ajudam pacientes sedados ou em coma induzido a receberem uma mistura de ar rico em oxigênio com pressão suficiente para vencer a resistência do pulmão doente.
A estimativa é que o Brasil precisará de mais 20 mil ventiladores pulmonares nas próximas semanas, mas a produção atual no país é de 2 mil aparelhos por mês, mesmo com produção acelerada. Por isso, pesquisadores de Engenharia da UFRJ estão desenvolvendo um modelo para ser reproduzido em massa, de forma simples, barata, rápida e com recursos disponíveis no mercado nacional.
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Chefe do Laboratório de Engenharia Pulmonar e Cardiovascular (LEP) da Coppe/UFRJ, o professor Jurandir Nadal disse que o projeto está sendo financiado por empresas como a Petrobras, Whirlpool, Vale, Firjan, além do BNDES, Ministério da Saúde, Ministério de Ciência e Tecnologia e das agências de pesquisa CNPq e Faperj.
Máscaras de proteção de baixo custo
Outro equipamento de grande importância nos hospitais são as máscaras de proteção que profissionais de saúde devem usar para evitar novas infecções em hospitais. A Escola de Engenharia da UFF está desenvolvendo máscaras de proteção de baixo custo em impressoras 3D. A confecção do equipamento é com materiais como acetato e silicone.
Para o reitor da UFF, professor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, é importante que a universidade una forças e envolva toda a comunidade acadêmica, através de projetos e ações no combate ao coronavírus. “Temos tecnologia de ponta, pesquisa de alta qualidade, profissionais de excelência e colocamos todos os nossos recursos à disposição da sociedade”.
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A Uerj também participa da parceria para confecção das máscaras pelo Instituto Politécnico do Rio de Janeiro (IPRJ-Uerj). A universidade está atendendo à demanda de Nova Friburgo, mas pretende ampliar a oferta das máscaras, com a expectativa de produzir até 3 mil peças por dia.
Temos tecnologia de ponta, pesquisa de alta qualidade, profissionais de excelência e colocamos todos os nossos recursos à disposição da sociedade.
Já o Departamento de Artes e Design da PUC-Rio está utilizando a tecnologia de impressão 3D para a produção de máscaras, viseiras, capotes, válvulas entre outros equipamentos utilizados por médicos e enfermeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado. Além da fabricação digital, a PUC vai desenvolver máscaras N95, que também estão em falta, e vai doar os equipamentos a hospitais da rede pública.
Álcool em gel
Na UFRRJ (Rural), um grupo de servidores e estudantes voluntários de vários institutos e cursos iniciou a produção de álcool 70% nos laboratórios do Instituto de Química (IQ). Desde o começo da iniciativa, já foram produzidos centenas de litros a partir de doações de diversos laboratórios e professores da UFRRJ. A Rural distribui o produto nas unidades da própria universidade, para alunos.
Com a alta do preço do álcool e a falta do produto em farmácias, a UFRRJ está atuando também com a distribuição em quantidade para uma semana para o Corpo de Bombeiros, em casas de repouso para idosos, em orfanatos municipais e nos Correios. Além de repor para o público já atendido, a universidade deve expandir a produção para postos de saúde e UPA de Seropédica e, se possível, para municípios vizinhos.
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A UFRRJ pede doação de recursos para dar continuidade à produção e conseguir manter a distribuição de álcool 70%. Para o professor Lucas Venâncio Lima, vice-diretor do IPRJ-Uerj e coordenador logístico do projeto de fabricação de máscaras na Uerj, as universidades estão cumprindo seu papel e precisam contar com o apoio da sociedade.
“Estou confiante de que a rede de solidariedade que já se formou aumente ainda mais e nos ajude a atingir essa meta. Acho que é a grande lição que tiraremos desse momento de crise: a importância da união de esforços e da valorização da universidade pública”, ressaltou Venâncio Lima.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Vivian Virissimo