A crise desencadeada pela propagação do coronavírus no Brasil está para além de uma questão de saúde pública. O que temos visto é uma conjuntura sem precedentes na história recente da globalização, em que o mundo estava, até então, cada vez mais conectado em tempo e espaço através dos fluxos, praticamente instantâneos, de informação, pessoas e mercadorias.
Nesse cenário, algo que parecia pontual, no caso da China, tomou uma proporção global dentro de poucos meses. Tanto pelo fácil contágio do vírus como por essas trocas que aceleraram os processos de transmissão. Em menos de um semestre o mundo inteiro foi obrigado a colocar o pé no freio e a criar um novo modelo de funcionamento da economia globalizada, do mundo do trabalho e da sociabilidade, tudo isso mediado pelo Estado.
::Serviços essenciais: a jornada dos trabalhadores que não podem parar na quarentena::
No caso da América Latina, essa crise do coronavírus, que tem exigido dos Estados uma intervenção cada vez maior na economia e na elaboração de políticas socioassistencialistas, chega numa conjuntura de aprofundamento do projeto neoliberal. Agenda esta que vem sendo implementada a partir de reformas que retiram direitos sociais conquistados a partir das lutas populares, principalmente durante os governos progressistas na primeira década dos anos 2000.
Essas considerações são fundamentais para entender o êxito e o fiasco das medidas que prefeituras, governos estaduais e o governo federal estão tendo.
No caso do Governo Bolsonaro, como temos visto, há um completo descaso com a vida, com a defesa do emprego e a garantia dos direitos da população. A postura do presidente de ser contra o isolamento social contraria as recomendações das organizações de saúde e cientistas de todo o mundo que apontam que o melhor caminho para diminuir os números de contágio e os impactos nos sistemas de saúde é a reclusão total. Além disso, a demora em liberar a renda emergencial para a população em vulnerabilidade social é apenas mais um de tantos recados que Bolsonaro dá a população: enquanto o chefe de Estado se coloca na defesa de uma minoria que vive do lucro, o Brasil volta para o mapa da fome, sendo que a maioria do povo brasileiro voltou ao tempo do fubá e água na mesa.
::Na região metropolitana do Rio, Niterói se destaca em combate ao coronavírus::
Iniciativas em Niterói
Por outro lado, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, temos um cenário que diverge da conjuntura nacional e se destaca da maioria das cidades brasileiras por adotar procedimentos internacionais de controle do coronavírus e também iniciativas para diminuir os impactos econômicos e sociais nas terras de Araribóia. Além da rapidez em decretar a quarentena total logo no início da crise, foi realizada sanitização nos bairros e comunidades da cidade, contratação emergencial de profissionais de saúde, arrendamento do Hospital da Região Oceânica com 140 leitos para tratar casos específico de coronavírus, compra de 40 mil testes instantâneos para covid-19 e distribuição de kits de higiene nas comunidades de Niterói.
Além dessas medidas de controle da transmissão e também sobre o sistema público de saúde, foram adotadas algumas medidas para diminuir os impactos sociais: como a entrega de 32 mil cestas básicas nas escolas do município para as famílias que os filhos são alunos da rede, a suspensão do corte de água nos próximos três meses e o arrendamento de quartos de hotéis para a população em situação de rua.
Foi também aprovado auxílio para motoristas de táxi e transporte escolar, bem como o auxílio de R$ 500 para microempreendedores individuais (MEIs) – que já está em vigor - e a renda básica temporária para as famílias do Cadastro Único por três meses.
::Niterói (RJ) é a primeira cidade do país a realizar testagem massiva da população::
Ainda foi votado semana passada na Câmara outras ações para proteger o emprego e as empresas de pequeno e médio porte como o Programa Empresa Cidadão e o Fundo de Crédito Emergencial para empresas de Niterói. Essas e outras medidas são iniciativas tanto da Prefeitura como propostas legislativas: durante esse período de crise a Câmara está em Assembleia Permanente, trabalhando em unidade, situação e oposição, para que políticas como essas sejam implementas com celeridade.
Contamos com a colaboração da população para que fique em casa e siga em isolamento social, só saindo de seus lares em extrema necessidade. Por aqui, continuaremos na defesa, principalmente daquelas e daqueles, que vem sofrendo de forma avassaladora com os impactos do coronavírus. Sabemos também que podemos contar com a solidariedade do povo nesse período, é por isso que estamos impulsionando a Campanha de Arrecadação de alimentos da Casa da Utopia. Entre em contato nas redes e faça também sua parte.
*Verônica Lima é vereadora de Niterói pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Mariana Pitasse