REAÇÃO

Crivella se aproxima de Bolsonaro e lidera queda de popularidade entre prefeitos

Pesquisa coloca prefeito do Rio com a pior popularidade nas redes sociais entre gestores das capitais brasileiras

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Crivella e Bolsonaro
No Rio, prefeito ensaiou flexibilizar as medidas a quarentena contra o coronavírus, seguindo as ações de Jair Bolsonaro na esfera federal - Mauro Pimentel/AFP

Uma pesquisa do Instituto Quaest, de Belo Horizonte (MG), realizada a partir das redes sociais de gestores municipais das capitais brasileiras mostra que o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), tem o pior índice em todo o país. Entre fevereiro e março, Crivella apresentou pontuação negativa de 25% no índice denominado na pesquisa de “Taxa de crescimento da popularidade”.

O levantamento Índice de Popularidade Digital (IPD) é realizado com dados do Facebook, Instagram e Twitter e mede os itens "Presença digital" (presença nas principais redes digitais), "Fama" (quantidade de seguidores e curtidas), "Engajamento" (quantidade de interações e envolvimento), Mobilização (quantidade de repostagens) e "Valência" (índice de reação positiva).

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Para o professor de ciência política Josué Medeiros, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS/UFRJ), algumas decisões de Crivella podem ter relação direta com a perda que ele vem tendo nas redes sociais com eleitores e não-eleitores. Em entrevista ao Brasil de Fato, Medeiros ressaltou a recente aproximação do prefeito do Rio com a família Bolsonaro. 

“Como Crivella percebeu que está sem chão, com baixa popularidade, que sua gestão entrega pouco à população, ele fez essa aproximação a Bolsonaro. Mas a classe média, mais presente nas redes e que se engaja ou odeia um político, é a mesma que vem demonstrando rejeição às atitudes de Jair Bolsonaro (sem partido) de minimizar a importância da quarentena para enfrentar o coronavírus”, avalia o cientista político.

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Prefeito do Rio tem o pior índice entre todos os prefeitos das capitais brasileiras / Quaest

Alguns fatos das últimas semanas, quando a pesquisa ainda era realizada, podem ter sido determinantes para a perda do capital digital de Crivella nas redes. O primeiro deles foi a aliança do prefeito com o clã Bolsonaro e a filiação do vereador Carlos Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro ao Republicanos, a convite de Crivella. E, mais recentemente, a ordem de flexibilização da quarentena pelo prefeito da capital fluminense.

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Pelo ranking é possível ver que os prefeitos com maior perda de engajamento na internet são os que preferiram seguir as determinações de Bolsonaro nas cidades. Dos prefeitos de capitais que ganharam popularidade, apenas três aderiram ao discurso do presidente da República. Quem lidera o ranking é Álvaro Costa Dias (PSDB), prefeito de Natal (RN), que vem fazendo críticas duras a Bolsonaro e teve crescimento de 117% nas redes.

Eleição

O cientista político da UFRJ afirma que a pesquisa tem suas limitações por medir sobretudo as percepções da classe média, que passa mais tempo na internet. Mas, segundo ele, ainda assim ela se relaciona a eleições passadas e pode mostrar possíveis cenários nas próximas eleições municipais, que seriam realizadas em outubro, mas que poderão ser adiadas em função da pandemia da covid-19.

“Esse perfil de classe média é o mesmo que votou em Crivella em 2016 para que ele derrotasse Marcelo Freixo (Psol) no segundo turno. Basta ver a geolocalização dos votos. No entanto, no primeiro turno esse voto estava pulverizado em outros candidatos. Se tivermos novamente uma eleição com muitos candidatos, Crivella leva vantagem com sua base fiel de eleitores de 15% a 20%”, explica.

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Medeiros comparou as eleições de 2012 e 2016 para a Prefeitura do Rio. Em 2012, Freixo era o único candidato forte a ameaçar Eduardo Paes (DEM) e conquistou 28% das urnas, mas nem assim conseguiu forçar um segundo turno. Já em 2016, como havia mais candidatos fortes, como Flávio Bolsonaro (PSC) e Pedro Paulo (MDB), Freixo conseguiu ir ao segundo turno com 18% dos votos contra os 27% de Crivella.

“A tropa fiel do Crivella, essa base que ele ainda tem nas redes sociais e como eleitorado, só funciona quando do outro lado existe fragmentação. Ainda é cedo para assegurar qual será o cenário, mas sem uma frente ampla com um único candidato na esquerda e uma eleição fragmentada, de cinco ou mais candidatos, a vantagem é de Crivella e sua base pequena, mas fiel”, conclui Medeiros.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Mariana Pitasse