Mobilização

Por conta própria, morador de favela carioca organiza a higienização da comunidade

Guia de turismo conseguiu doações, comprou equipamentos e realizou sanitização dos becos e ruas do Morro Santa Marta

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
morro santa marta higienização coronavirus
Thiago e outros cinco moradores do Morro Dona Marta realizaram sanitização das ruas e becos da favela - Arquivo pessoal

Thiago Firmino, guia de turismo em favela, cria do Morro Santa Marta, na zona sul do Rio de Janeiro, é protagonista de ação de combate ao novo coronavírus na cidade. Por conta própria, ele teve a ideia de higienizar os becos e vielas do Santa Marta contra a covid-19, inspirado em ação da China, reproduzida pela Prefeitura de Niterói, na região metropolitana. Os testes no Santa Marta começaram no sábado (4) e o equipamento passou a ser usado no domingo (5).

“Eu estava ajudando na divulgação da distribuição de cestas e de conseguir doação, mas depois fiquei pensando que se tudo tiver sujo, muita gente pode morrer! Não dá pra esperar o Estado. Não tá fazendo nem na pista, que dirá aqui no morro”, afirma.

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Foi quando Thiago teve a ideia de fazer a ação por conta própria. A questão era como comprar o equipamento, a roupa de proteção e o produto químico. Ele pensou primeiro em abrir uma vaquinha online, mas chegou a conclusão de que a ação precisava ser iniciada de forma rápida e que arrecadar recursos online demoraria. Então, resolveu pedir ajuda a um amigo produtor e outro rapper para comprar dois atomizadores costais - que são, em suas palavras,  “tipo sopradores de produtos químicos” - além dos demais equipamentos de proteção individual (EPI). O custo total do investimento foi de R$ 5 mil, sendo que um dos apoiadores doou R$ 3,5 mil e outro R$1,5 mil.

Mesmo assim, ainda faltou dinheiro pra compra do produto usado para a sanitização, o quaternário de 5ª geração. Uma garrafa de cinco litros do produto custa em média R$ 200.

“A higienização com quaternário de amônio de quinta geração é o ideal porque os efeitos duram mais tempo. Coisa de até dois meses em ambiente aberto por criar uma película protetora. Mas, esse produto é inviável. É muito caro”, explica.

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Para pensar uma solução, Thiago conversou com pesquisadores biólogos e químicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que o orientaram a usar água sanitária (hipocloreto de sódio) diluída em água. Com a solução pronta, Thiago fez um dia de testes e em seguida realizou a aplicação do produto em toda a comunidade. Para isso, ele contou e ajuda de outros cinco moradores – que também usaram os EPIs básicos: luva e máscara.

“A cada 20 passos, acabou a mistura hipocloreto de sódio e água. Eu precisei de uma equipe enquanto estou soprando já fazendo a proporção para não desligar o motor e recomeçar”, ressalta. E completou: “Contamos com ajuda, além disso, dos moradores lavando as portas e donos de vendinhas para fornecer água. Assim a gente conseguiu higienizar os becos e vielas principais, as estações do bonde e a quadra da escola de samba”.

Thiago segue precisando de ajuda para conseguir novas doações de produtos mais eficientes para realizar a sanitização na favela, usando o quaternário de amônio como referência, além de gasolina, óleo dois tempos – porque o motor do atomizador para funcionar precisa dos dois produtos e o gasto é alto. “Inclusive também de água sanitária. Se um empresário ou mercado quiser ajudar, a gente agradece e aceita. Porque o produto é mais barato, mas a quantidade usada é alta”, lembra.

Fonte: Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC). 

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Mariana Pitasse