O estado do Ceará chegou ao limite da capacidade de atendimento nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) direcionadas para casos de covid-19 na rede pública, na manhã desta quinta-feira (16), quando registrou 169 pessoas hospitalizadas, sendo 113 em Fortaleza. A fila de espera por uma vaga já é de 48 pacientes.
A Secretaria da Saúde previa que a ocupação máxima dos leitos de UTI fosse ocorrer daqui a uma semana, no dia 21 de abril. O pico no número de casos da doença do estado pode ocorrer ainda depois, aumentando ainda mais a fila de espera por vagas.
Ao G1, a secretária executiva de Vigilância e Regulação da Secretaria da Saúde (Sesa), Magda Almeida, afirmou que a situação se agravou por dois motivos. Primeiro porque o estado ainda não entregou todos os 800 leitos que estão previstos para serem entregues até junho. Segundo porque alguns do respiradores comprados da China ainda não foram entregues.
Informações do Sistema de Gestão Governamental, portal de compras do Estado do Ceará, mostram que foram adquiridos 700 ventiladores pulmonares mecânicos chineses, que devem chegar ao estado em três lotes. A entrega do primeiro está prevista para ocorrer até 30 de abril; o segundo, em 30 de maio; e o terceiro, em 30 de junho.
Na última terça-feira (14), em uma coletiva de imprensa, o secretário da Saúde do Ceará, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto, já estava alerta para esse tipo de situação. "Se houver saturação desse sistema, mais uma vez vamos ter um aumento da mortalidade. À medida que você sai dos bairros com maior estrutura social pros bairros com menor estrutura e pro restante dos municípios do Ceará, estamos assistindo um aumento na mortalidade", disse.
Fortaleza lidera entre as capitais
O estado registra 2.386 casos de contaminação e 124 óbitos, enquanto Fortaleza é a capital do país com o maior índice de casos. Para explicar por que o estado se encontra nessa posição, o Brasil de Fato conversou com o epidemiologista e consultor do Consórcio Nordeste, Antônio Silva Lima Neto. Ele pontuou quatro fatores que levaram o Ceará a essa situação. Primeiro, a região se tornou, há cerca de dois anos, um "hub aéreo", passando a ter um fluxo maior de voos e visitantes internacionais.
Outro fator foi a realização de dois eventos sociais expressivos que facilitaram a circulação do vírus. O terceiro seria o fato de o estado ser um dos que mais estão realizando testagem, o que aumenta o número de registros. E, por último, está a sazonalidade dos vírus respiratórios. “O Nordeste é a primeira região onde há aumento das viroses respiratórias”, destaca Neto.
Edição: Vivian Fernandes