Na madrugada desse sábado (18), enquanto o vigilante Everaldo da Silva Fonseca, de 62 anos, acompanhava a sua esposa, Maria Gonçalves Lopes, no Hospital Dom João Backer, em Gravataí (RS), foi falsamente acusado de furtar um celular por uma pessoa que trabalha na instituição e agredido pela equipe de segurança.
Sua esposa, ao ver as agressões ao marido e depois de pedir ajuda aos gritos, sofreu uma parada cardíaca e faleceu. Maria Gonçalves, estava internada para tratar de problemas no fígado. Segundo familiares o casal estava junto há mais de 30 anos.
O fato denunciado nas nas redes sociais, logo ganhou a imprensa local e estadual. Em depoimento à reportagem da RBS TV , Everaldo relatou o episódio. “Me revistaram tudo, me levaram para um corredor escuro lá. Eu apanhei, tomei soco nas costas, tomei chute do guarda, pisão no pé, me disseram um monte de palavra de baixo calão, me chamaram de tudo que eu não merecia. E eu disse para eles que eu era um homem de 60 e poucos anos, eu não ia tá apanhando, passando a maior vergonha. E a mulher gritava para eles me largar e eles não me largavam. Fizeram baderna comigo”, desabafou.
Em entrevista ao site Giro de Gravataí, o filho do casal Jonatas Lopes Fonseca contou que o pai lhe telefonou por volta das 3h de sábado informando que uma pessoa da equipe do hospital estava acusando ele de roubar um celular. “Eles pegaram o meu pai, na frente da minha mãe, que estava acamada, chutaram, deram um monte de socos no meu pai. Fizeram um monte de coisa para ele, tacaram as coisas na rua. A enfermeira teve a capacidade de pegar, entrar lá dentro, ir lá onde a minha mãe tava acamada, pegar e revirar todinhas as fraldas dela para ver se o celular não tava lá”.
Jonatas diz que, após um tempo, o celular foi encontrado e os funcionários retornaram para pedir desculpas para Everaldo. “Mas o que adianta pedir desculpa depois que eles fizeram o meu pai passar vergonha na frente de todo mundo. Chamaram até meu pai de negro, um segurança, isso aí é racismo”, diz. “E coitada da minha mãe acabou falecendo, gritando socorro para ninguém fazer isso com meu pai. Ela veio a falecer, às 3h da manhã”.
O Conselho Municipal de Saúde (CMS), através do presidente Marcelo Nascimento e o do conselheiro Vladimir Medusa, foram com a vítima até a 1ª Delegacia de Polícia de Gravataí para fazer um boletim de ocorrência, relatando os fatos ocorridos.
Marcelo fez também contatos com a direção do hospital e da mantenedora, Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, cobrando providências para apurar as graves acusações e responsabilizar todos os envolvidos.
Posicionamento do Hospital
Questionada pela equipe do jornal Sul21, a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, mantenedora do hospital Dom João Becker, informou que será aberta uma sindicância para investigar o caso. Confira a íntegra da nota:
“Com relação ao fato questionado pelo Sul21, ocorrido nas dependências do Hospital Dom João Becker na madrugada deste sábado, 18/04, envolvendo familiar de paciente, informamos que será imediatamente aberta uma sindicância interna para averiguação. Uma vez feita a apuração, com base no Código de Conduta vigente em todos os hospitais da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, serão tomadas as providências cabíveis, tendo como premissa essencial a verdade dos fatos".
CUT - RS repudia o racismo, a acusação falsa e a violência sofrida pelo trabalhador
“Isso é reflexo do clima de ódio, preconceito e autoritarismo fomentado diariamente pelo presidente Jair Bolsonaro, que vai contaminando diferentes camadas da sociedade, assim como a pandemia do coronavírus. Exigimos a investigação rigorosa dos ataques sofridos pelo trabalhador e a punição exemplar de todos os responsáveis para reparar os danos sofridos e impedir que isso volte a ocorrer”, afirma o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.
*Com informações da CUT-RS, Conselho Municipal de Saúde, Sul21, Giro de Gravataí e RBS TV
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Leandro Melito e Marcelo Ferreira