Diáspora Negra surgiu com a proposta de disputar narrativas na internet
Que tal aproveitar a quarentena para se conectar com a ancestralidade preta? Esse convite quem faz é o Jornal Diáspora Negra, que teve a ideia de compartilhar cursos sobre História Africana e Afro-brasileira na internet. Os conteúdos juntam temáticas de marxismo, questão racial, cosmovisão africana, ancestralidade rastafari, reparação e formação de impérios.
A ideia do Jornal Diáspora Negra surgiu com base na Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura da Afro-brasileira. Especificamente, com o momento da pandemia do coronavírus, e o necessário isolamento social, surgiu a ideia da Quarentena Preta. A iniciativa selecionou 22 cursos a partir de uma pesquisa de material gratuito e disponível no Youtube. A escolha foi feita pela equipe do Jornal, como explica João Raphael Santos, criador e editor do Diáspora Negra.
“Alguns desses cursos nós tivemos a oportunidade de participar entre 2018 e 2019, então já sabíamos que existiam as gravações. Então fizemos uma lista desses 22 cursos justamente para aproveitar o momento da quarentena para o estudo da Lei 10.639/2003, já que a lei obriga o ensino de História Africana e Afro-brasileira nas escolas, pensamos que respeitar a lei seria uma boa estratégia e pelo fato de expandir o conhecimento das pessoas sobre história e cultura afro-brasileira”, destaca.
O Jornal Diáspora Negra soma-se aos movimentos que buscam trazer novas narrativas diante da visão eurocêntrica homogeneizada na educação brasileira. E para ajudar na disseminação das ideias, o grupo escolheu espalhar o material na internet. O imaginário restrito à escravização e sofrimentos é ampliado para a valorização da riqueza cultural, intelectual e política de pessoas negras no nosso país, de acordo com João Raphael.
“O audiovisual carrega uma responsabilidade muito grande que é trazer essa representatividade para toda uma cultura que foi invisibilizada, de todos os heróis da história brasileira que foram esquecidos, como Luís Gama, Dandara dos Palmares, João Cândido.
Todas essas pessoas são tratadas no nosso projeto do Jornal como pessoas que têm voz, que agiram e foram importantes para a história do Brasil, para além de apenas para a cultura negra”, analisa.
Alguns exemplos de abordagens no Diáspora Negra seriam contextualizar a luta da Revolta dos Malês contra a escravização ou mesmo a riqueza cultural e histórica do monumento da Pedra do Sal, no bairro da Saúde, no Rio de Janeiro. Além disso, o Jornal defende as possibilidades do audiovisual na perspectiva da memória da cultura africana e afro-brasileira.
“Essa memória que é social, de luta, de herança. Andamos todos os dias pelo centro da cidade e passamos todos os dias por história e cultura africana e afro-brasileira sem ao menos saber, sem ao menos conhecer”, destaca João Raphael.
A equipe do Diáspora Negra é formada ainda por Yana Vieira, Mariana Mamona e Matheux Gouveia. Para acessar a página na plataforma Youtube, Medium ou Facebook.
Edição: Lucas Weber