Pandemia

Voluntários distribuem 10 toneladas de alimentos no DF e buscam mais doações

Movimento firmou parceria com 63 organizações e atende zonas periféricas onde trabalhadores foram mais afetados

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Grupo distribuiu cerca de 1 mil cestas básicas para famílias do Distrito Federal e do Entorno, chegando a 3.200 pessoas - Rubens Bias

Com o alastramento do coronavírus e da crise econômica pelo país, as ações de solidariedade junto a populações mais vulneráveis continuam se multiplicando pelas diferentes regiões. No Distrito Federal (DF), um grupo de voluntários criou a chamada “Corrente de Solidariedade”, que desde o final de março vem arrecadando verbas para doação de alimentos a comunidades onde há trabalhadores mais afetados pelo contexto de crise.

A articulação já obteve quase 10 toneladas de alimentos e conseguiu distribuir, até o momento, cerca de 1 mil cestas básicas para famílias de zonas periféricas do Distrito Federal e do Entorno, região integrada que abrange também algumas áreas do estado de Goiás. As doações beneficiaram mais de 3.200 pessoas.

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O servidor público Rubens Bias, um dos voluntários, destaca que o grupo busca mais doações para tentar chegar a famílias que ainda não receberam ajuda. Ele conta que, em alguns lugares, as comunidades estão mais desassistidas porque também não estão podendo contar com o auxílio de instituições beneficentes ou outras entidades que antes prestavam ajuda aos territórios.   

Muitas pessoas não estão recebendo a renda emergencial porque estão com a  situação em análise e muitas organizações que recebiam ajuda não estão recebendo porque não estão podendo bater de porta em porta ou porque não podem se reunir para coletar doações. Tem muita gente passando necessidade, passado fome. Quem puder doe porque a gente precisa aliviar o sofrimento dessas pessoas”, ressalta. 

Desde o início da formação do grupo de voluntários, o movimento tem percorrido diferentes pontos do Distrito Federal duas vezes por semana para distribuir as doações. Cada família atendida recebe uma cesta básica com 5 kg de arroz, 1kg de feijão, café, flocão de milho, macarrão, óleo, farinha de mandioca, sal, extrato de tomate, além de sabonete e papel higiênico.

O grupo conta que o perfil das pessoas beneficiadas é bastante variado.  “Tem muitas pessoas que perderam o emprego por conta da crise do coronavírus, tem trabalhadores autônomos, como diaristas e cuidadores de idosos, mas também tem pessoas que tinham carteira assinada e atuavam em trabalhos mais subalternos, tem gente que trabalhava em loja de shopping e agora ficou sem perspectiva e tem, claro, as pessoas que já viviam em situação de vulnerabilidade e tiveram esse contexto agravado agora”, explica Bias, destacando que houve “um notável empobrecimento” nos territórios mais pobres.  

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Para intensificar o trabalho da Corrente de Solidariedade e garantir uma maior capilaridade na entrega das doações, o movimento vem firmando parcerias com organizações que atuam nos locais mais atingidos e que, por conta disso, têm condições de mapear as famílias necessitadas e entregar as cestas. Ao todo, 63 coletivos e instituições já participam do movimento, que agrega igrejas, organizações não governamentais (ONGs), grupos de trabalhadores sem teto e sem terra, além de empregados de unidades de saúde e de assistência social que se uniram para mapear usuários e pacientes que precisam de doações.   

Entre os parceiros, está o Instituto de Amigos Mãos Estendidas (Iame), que atua na Cidade Ocidental (GO) e atende 230 famílias na região. Com as doações enviadas pela Corrente de Solidariedade nos últimos dias, a organização conseguiu distribuir cestas básicas para 43 famílias. A presidenta do Iame, Cláudia Medeiros, afirma que há “uma situação extrema de carência” criada pela pandemia. Ela conta que a chegada das equipes às casas para a entrega das doações tem mobilizado a emoção das famílias atendidas.  

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“Alguns se emocionam de tal forma que a fala deles é uma fala em lágrimas mesmo, porque são pessoas que viviam numa situação difícil, mas ainda tinham algum ganho e hoje tem pessoas que não têm ganho nenhum. Então, a fala é ‘se não fossem vocês, a gente não saberia o que fazer’”, relata. 

Como participar

Segundo a organização, a Corrente de Solidariedade aceita novos voluntários que queiram participar das ações de entrega dos alimentos. O trabalho do grupo pode ser acompanhado por meio da página oficial da corrente no Instagram.

O movimento recebe doações por meio de transferência ou depósito bancário e pede que o comprovante seja enviado para o número (61) 9811.86296. Seguem os dados:

 

Banco do Brasil

Ag 3598-X

CC 8622-3

CPF: 853.086.841-20

Cinthia Vedana

 

Edição: Douglas Matos