Depois de 42 dias em quarentena a nível nacional, o governo venezuelano decidiu flexibilizar algumas medidas de isolamento social. No domingo, (26), durante nove horas as famílias foram autorizadas a passear com as crianças e adolescentes, entre dois e 16 anos, num perímetro de até um quilômetro de distância das suas residências, evitando aglomerações e usando equipamentos de segurança. Já nesta segunda-feira (27), a mesma medida foi adotada entre os idosos, no entanto com horário reduzido, de 10h a 14h.
O presidente Nicolás Maduro circulou pelas principais ruas da capital Caracas para verificar a aplicação do decreto. Com uma análise positiva da medida, que foi considerada um ensaio, o chefe de Estado anunciou que a flexibilização será permitida também no próximo fim de semana, dos dias 2 e 3 de maio.
"Tudo isso vai renovando a energia da família, dá forças para resistir a batalha dessa quarentena até que podamos chegar ao início de uma normalidade relativa e vigiada", afirmou Maduro em uma transmissão em cadeia nacional.
#26Abr | Niños en #Lara salen a la calle este domingo como parte de la flexibilización de la cuarentena anunciada por el presidente Nicolás Maduro.
— LA PRENSA de Lara (@laprensalara) April 26, 2020
La franja horaria se desarrollará desde las 9:00 am hasta las 6:00 pm pic.twitter.com/DvJDILgzrV
Pioneira em adotar a quarentena no continente americano, a Venezuela mantém uma das menores taxas de contágio da região, com 323 casos confirmados, dez falecidos e 137 recuperados. Até o momento, o país realizou 423 mil provas de diagnóstico da covid-19, uma cifra superior aos testes realizados no Brasil. A quarentena está mantida até dia 14 de maio e nos estados Táchira, na fronteira com a Colômbia, e Nueva Esparta, onde se encontra a Ilha Margarida, foi instituído toque de recolher, por conta do aumento do número de casos.
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São cerca de 100 mil profissionais da saúde em todo o país, que junto a uma brigada de especialistas cubanos atendem a população em 46 hospitais adaptados para atender a covid-19 em todo o território nacional.
Também com ajuda internacional, a Venezuela dribla o bloqueio e se mantem abastecida com equipamentos de segurança e medicamentos com envios da China e da Rússia. Depois de estabelecer uma ponte aérea direta com Pequim, o país já recebeu três carregamentos chineses.
Segundo o embaixador russo em Caracas, Serguéi Melik-Bagdasárov, até o dia 9 de maio serão entregues 40 toneladas de medicamentos para o tratamento contra o nova vírus. A Rússia desenvolveu seu próprio teste de diagnóstico de coronavírus e dotou o Estado venezuelano com mais de 20 mil provas.
Preços acordados
Além disso, começou a valer nesta segunda em todo o território nacional uma lista com 27 produtos da cesta básica alimentar de preços acordados entre o governo central e os maiores produtores e distribuidores do país.
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Os preços foram determinados em dólares, por conta da inflação da moeda nacional, o bolívar soberano. Por exemplo, uma caixa com 30 ovos deve custar o equivalente a três dólares (cerca de R$15); já o quilograma de queijo branco não pode passar de 2,30 dólares (cerca de R$12).
O ministério de Comércio Nacional também determinou que as empresas Polar e Plumrose, gigantes no mercado de bebidas e embutidos, e comandadas por personagens da oposição, deverão ser constantemente fiscalizadas para verificar se cumprem com o estabelecido e se não estão estocando alimentos.
São 1.335 fiscais da Superintendência Nacional para a Defesa dos Direitos Socioeconômicos (Sundde) e da Superintendência Nacional de Gestão Agroalimentar (Sunagro) que realizarão a tarefa a partir desta segunda-feira.
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A especulação com os preços é um fenômeno comum na chamada "guerra econômica" interna na Venezuela. A última vez que o Executivo venezuelano adotou o congelamento de preços foi em agosto de 2018. Com a escassez de combustível e desaceleração do consumo gerado pela pandemia, os comerciantes voltaram a aumentar os preços sem uma base real de aumento de custos.
Um fator é o novo salário mínimo, que passará de 450 mil BsS a 800 mil BsS (cerca de R$26), a partir da sexta-feira, 1º de maio. O aumento do salário no dia do trabalhador é tradicional no país, desde os anos 2000, com o governo de Hugo Chávez. Prevendo o aumento do poder aquisitivo, os vendedores sobem os preços para aumentar os lucros.
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Edição: Rodrigo Chagas