O presidente está destruindo a nossa soberania, destruindo o nosso país, destruindo o nosso futuro
Apesar do avanço do coronavírus no mundo – hoje já são mais de 3 milhões de infectados, 1/3 destes vivendo nos EUA e o Brasil superando os 5 mil mortos – a crise que nós vamos abordar mais uma vez é uma crise política, que teve no último final de semana um novo capítulo patrocinado pela demissão do ministro Sérgio Moro.
Moro pediu demissão após tomar conhecimento, pelo Diário Oficial da União, da demissão do Diretor Geral da Polícia Federal, o senhor Maurício Valeixo. Valeixo foi demitido por Jair Bolsonaro (sem partido) sem o consentimento do seu chefe imediato, o então ministro da Justiça.
A partir deste episódio vivemos até agora grandes polêmicas. Primeiro, Sérgio Moro convocou uma entrevista coletiva para falar e anunciar a sua demissão, onde aproveitou para fazer duras acusações contra Bolsonaro.
Moro relatou que Jair Bolsonaro quer controlar a Polícia Federal e o próprio Ministério da Justiça para blindar juridicamente os seus filhos, a sua família e ele próprio das inúmeras acusações que pesam contra eles. Isso é um fato extremamente grave.
Só que, ao dizer isso e fazer essa acusação gravíssima diretamente ao presidente, ele também se auto-acusa, porque há muito tempo, a imprensa brasileira toma conhecimento destes fatos e Moro sempre veio para desmentir. Ou seja, no mínimo também, Sérgio Moro, prevaricou. Como se diz, ambos "tem culpa no cartório".
Sobre isso, o Instituto Datafolha, fez recentemente uma pesquisa com a população brasileira e, perguntados sobre quem falou a verdade neste episódio, 20% da população acredita que Jair Bolsonaro está falando a verdade, enquanto 52% afirma que é Sérgio Moro quem fala a verdade. Ou seja, a grande maioria acredita que Moro fala a verdade.
Sobre a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal e no Ministério da Justiça, 56% das pessoas diz que acredita que Bolsonaro queria sim fazer isso, enquanto somente 28% acredita que este não é o objetivo dele.
O fato é que, neste episódio, ambos tem razão e ambos falam verdades. Tanto no momento em que Bolsonaro acusa Moro de utilizar o Ministério da Justiça e o seu governo como trampolim para chegar ao Supremo Tribunal Federal, quanto na fala de Moro quando ele fala que Bolsonaro quer blindar a sua família em relação aos inúmeros inquéritos e processos que eles respondem.
Inquéritos, estes, que vão deste o envolvimento da família Bolsonaro com as milícias, com a corrupção e apropriação indevida de dinheiro público por meio das rachadinhas e também em relação às fakenews que são patrocinadas e disseminadas pela sua família e principalmente pelo vereador Carlos Bolsonaro.
Ou seja, estamos diante de duas pessoas que praticam crimes.
Agora, o que fazer diante disso? Em números, são quase 30 as ações que solicitam abertura de um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Mas a opinião da maioria das pessoas, também segundo a pesquisa do Datafolha, é, lamentavelmente, que não deveria haver um impeachment.
Aliás, segundo a pesquisa, o Brasil está dividido neste aspecto, totalizando 48% contrários e 45% favoráveis. Ou seja, vivemos ainda em um Brasil dividido. Em um país onde metade quer que o presidente fique e metade acha o presidente deva sair.
E neste cenário, como nós, das esquerdas, devemos agir? Penso que com a maior responsabilidade e principalmente com o senso de unidade, porque nenhum presidente da república é retirado do poder com o nível de aprovação que tem Jair Bolsonaro.
Então a nossa maior tarefa hoje, além de preservar as vidas nesta crise e nesta pandemia do coronavírus, é tentar encontrar as formas para que o povo brasileiro conheça o seu presidente da república. Esta é a nossa maior tarefa: mostrar o quão prejudicial é Jair Bolsonaro ao Brasil e ao povo brasileiro.
Porque, seguindo no poder, ele seguirá destruindo a nossa economia, destruindo a nossa soberania, destruindo o nosso país, destruindo o nosso futuro e o que é pior, atentando contra vidas neste momento de pandemia do coronavírus. Portanto temos que seguir agindo de forma unitária, firme e esclarecendo a população brasileira da verdade.
Edição: Rodrigo Chagas