Neste momento de crise da pandemia de covid-19 e crise econômica, associações de moradores cumprem o papel de contribuir na organização da solidariedade, das demandas por orientação jurídica e das lutas pela manutenção de direitos sociais.
Nos anos anteriores, esses espaços viveram dificuldade de mobilização e tentativa de enfraquecimento por parte das gestões municipais. Agora, tem uma missão urgente a cumprir na organização dos bairros. Atualmente, as novas tecnologias e redes sociais cumprem também papel organizativo.
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Ivanilda Guimarães integra o Centro Social Alceu Grey, no bairro Pinheirinho, de abrangência de 500 famílias e atendimento das vilas Santo Antônio e Planta Piratini em Curitiba (PR).
As atividades promovidas estão suspensas e a dedicação da associação é para auxílio emergencial às famílias. “Temos atividades, como capoeira e Zumba, temporariamente encerradas. Estamos na arrecadação de alimentos para famílias que conhecemos, famílias de catadores, alguns autônomos”, afirma a secretária da associação.
Cada espaço encontra sua forma de ação. O programa de renda emergencial é tema de dúvidas dos moradores e o grupo de Ivanilda auxilia na inscrição no programa. “Fazemos o pedido, muitas pessoas não têm acesso à internet, a maioria não consegue baixar aplicativo de celular”, comenta.
Juventude à frente
O papel da juventude na direção de algumas associações tem sido um fator novo. A Associação de Moradores Moradias Sabará, localizada na Cidade Industrial (CIC), é organizada em sua maioria por jovens, focados neste momento em campanha de solidariedade, em território que abrange mais de 50 mil famílias fraudadas pelos contratos da Cohab.
“Como não estamos podendo atuar com os cursos e oficinas que fazíamos, participamos de rede de solidariedade, para comprar alimentos e cestas, identificamos famílias que precisam mais, fazendo cadastros”, afirma Diego Torres, integrante da associação.
Em Araucária, comunidade Santa Cruz resiste contra destruição de casas
Balas de borracha. Trator. Estilhaços. Mulheres mais velhas feridas em ação desnecessária e violenta da Guarda Municipal de Araucária que ocorreu na área Santa Cruz, do dia 25.
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A associação de moradores da comunidade Santa Cruz tem coordenado a resistência neste momento. A justificativa oficial é de que as pessoas não estariam sendo despejadas da área de ocupação. Porém, é fato que o objetivo é destruir parte de suas construções.
O Tribunal de Justiça do Paraná indica não haver despejos forçados, e que este tipo de situação não deveria acontecer. Então, durante a pandemia, moradores são obrigados a pressionar a prefeitura local (que deveria apoiar as famílias em lugar de destruir parte de suas casas).
“Estamos aqui, representando os moradores, deram autonomia e estamos lutando por eles, trabalhando em prol da comunidade”, afirma “Foz”*, trabalhador da construção civil e liderança local da associação. Ele afirma que o princípio da associação é agir com autonomia, articulando-se com outras comunidades – caso da área 29 de março, no Sabará (CIC).
Campanha Periferia Viva articula experiências
No marco da campanha Periferia Viva, que envolve organizações como MST, Levante Popular da Juventude, Consulta Popular e Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos ((MTD), entre outras, Ronaldo de Souza, da União de Vilas da Grande Cruzeiro (RS), afirmou, em transmissão semanal da campanha, que o objetivo das organizações de bairro é “articular os interesses do povo em prol de um objetivo maior.
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A organização humana parte dos grupos, e o que estamos fazendo ali está se convertendo em força política”, defende.
O que é coronavírus?
É uma extensa família de vírus que podem causar doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em humanos, os vários tipos de vírus podem causar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns, como a síndrome respiratório do Oriente Médio (MERS) a crises mais graves, como a síndrome respiratória aguda severa (SRAS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19.
Como ajudar a quem precisa?
A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Leandro Melito e Gabriel Carriconde