Após dias de intensa especulação, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nomeou, na manhã desta segunda-feira (4), o novo diretor-geral da Polícia Federal (PF). O órgão será conduzido agora pelo delegado Rolando Alexandre de Souza, atual secretário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O nome dele era um dos mais cogitados para o cargo e foi confirmado por meio do Diário Oficial da União (DOU), com assinaturas do presidente e do ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), André Mendonça. Souza tomou posse logo na sequência, em um ato sem cerimônia aberta.
O novo gestor é apontado como homem de confiança do delegado Alexandre Ramagem, nome que o chefe do Executivo tentou emplacar para o cargo, mas que foi vetado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na última quarta-feira (29), após uma ação ajuizada pelo PDT.
Por conta disso, a nomeação de Souza é vista como uma tentativa de contornar a decisão da Corte, garantindo a influência de Ramagem na PF. O STF havia avaliado a escolha deste como imprópria para o cargo porque o delegado tem relação de confiança com os filhos do presidente. O clã do chefe do Executivo é acusado de tentar intervir em investigações da PF que atingem a família.
A troca de comando na PF foi o estopim da crise política envolvendo Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, que deixou o cargo no último dia 24, após Maurício Valeixo ser demitido da direção-geral do órgão.
Perfil
O delegado federal Rolando Alexandre de Souza ingressou na PF em 2001. Nos últimos anos, atuou como superintendente do órgão no estado de Alagoas entre 2018 e 2019, até que, em setembro do ano passado, assumiu a Secretaria de Planejamento e Gestão da Abin. A mudança de cargo veio a convite do diretor-geral, Alexandre Ramagem – figura próxima dos filhos de Bolsonaro e que ganhou a confiança da família depois de atuar na segurança do presidente durante a campanha eleitoral de 2018.
Um sua trajetória pelo órgão, Rolando Souza também exerceu funções de comando no Serviço de Repressão a Desvio de Recursos Públicos e na Divisão de Combate a Crimes Financeiros da PF, além de ter atuado na Superintendência do órgão em Rondônia.
Edição: Leandro Melito