"O homem é uma parte integral do cosmo e só a natureza pode tratar seus males".
Hipócrates (Médico e Filósofo)
Em março de 2019, o Conselho Federal de Farmácia (CFF), por meio do Instituto Datafolha, constatou através de uma pesquisa que 77% dos brasileiros possuem o hábito da automedicação. Ainda nessa pesquisa, 47% do público entrevistado declarou se automedicar pelo menos uma vez por mês, e 25% das pessoas assumiram que o faz todo dia.
Esse hábito coloca o Brasil no pódio dos países com maior incidência de automedicação pela população, seja no uso de medicamentos para resfriados e dores de cabeça até medicamentos mais fortes que necessitam de um controle mais rigoroso do consumo.
A automedicação tende a se intensificar nesse período de pandemia que estamos atravessando, onde além dos fármacos habituais já usados pelo brasileiro também surgem aqueles pintados como alternativa para a “prevenção” a COVID-19.
Vale-se destacar que não há pesquisas seguras sobre isso, pelo contrário, vários são os riscos do uso indiscriminado dessas substancias. Estudos apontam que medicamentos, como o ibuprofeno e a cortisona, podem agravar o quadro de saúde de pacientes acometidos pelo novo coronavírus e/ou prejudicar o diagnóstico precoce da doença.
Além disso, existem medicamentos que apresentam, na maioria dos casos, reações adversas, que podem provocar danos irreparáveis à saúde. Entre esses, os mais preocupantes são as substâncias psicotrópicas, que atualmente estão numa crescente de utilização indiscriminada no nosso país.
Quando somamos o uso em grande quantidade de medicamentos, junto a um período de total desequilíbrio em que se encontra nossos organismos, devido à mudança brusca em nossas rotinas, temos como produto uma situação de perigo concreto à saúde humana.
Nesse momento de aumento de estresse e de insegurança, tendem a aparecer sintomas que muitos irão encarar como algo que só poderá cessar com o uso dessas determinadas drogas. Não podemos encarar esse pensamento como algo natural. No atual cenário, as práticas alternativas de saúde se apresentam como uma possibilidade menos invasiva e de menor risco para a população recorrer sempre que possível e necessário.
As práticas alternativas são, basicamente, recursos terapêuticos desenvolvidos a partir de conhecimentos tradicionais. Entre as práticas mais conhecidas, podemos destacar o uso das plantas medicinais que podem ser aproveitadas no preparo de escalda pés ou do bom e velho chá.
Podemos sugerir também a utilização de óleos essenciais concentrados, extraídos de vegetais, para recuperar o equilíbrio e a harmonia do organismo. A prática visa à promoção da saúde física e mental. O óleo pode ser consumido tanto por inalação, quanto em forma de compressas.
Assim como nos chás, cada planta tem sua ação terapêutica, que deve ser investigada antes do consumo.
Ainda para esses dias de isolamento social, outras práticas vêm se destacando, como o Yoga e a meditação. Essas são práticas de origem oriental, ofertadas como técnicas para controlar e relaxar corpo e mente. Para os que ainda não tem aproximação com essas práticas, já é possível encontrar em plataformas de vídeo e redes sociais treinos guiados por profissionais de forma gratuita.
É importante frisar que as práticas alternativas não somente são utilizadas anos adentro da nossa história com os ensinamentos populares dos nossos ancestrais, como também são confirmadas como eficientes para promoção da saúde por meio de evidências cientificas.
Os bons resultados demonstrados em pesquisas, tem feito com que essas práticas estejam sendo integradas ao Sistema Único de Saúde (SUS), como medidas complementares de tratamento.
Através do site do Ministério da Saúde qualquer pessoa pode acessar a lista completa das 29 práticas Integrativas e Complementares que são oferecidas pelo SUS.
Ter um sistema de saúde que agrega os saberes populares a sua prática profissional nos aproxima das nossas origens. Cabe a todos nós contribuirmos para o fortalecimento dessa maneira de tratar e curar que vai na contramão do que prega a indústria farmacêutica e seu mercado de adoecimento.
*Kell Medeiros é enfermeira e militante da Consulta Popular