O super ciclone Amphan, que se formou no Oceano Índico e atingiu a fronteira entre Índia e Bangladesh na última quarta-feira (20), deixou pelo menos 84 mortos em plena pandemia do novo coronavírus. Cerca de 3 milhões de pessoas, a maioria evacuada preventivamente desde o final de semana, seguem aglomeradas em abrigos sem saber se suas casas ainda estão de pé.
Imagens das cidades na manhã desta quinta (21) indicam que milhares de construções foram destruídas. Rodovias continuam bloqueadas e o aeroporto de Calcutá, sétima cidade mais populosa da Índia, foi obrigado a fechar devido às inundações.
Vítimas fatais foram registradas nos estados de Odisha e Bengala Ocidental, na Índia, e nas divisões Rajshani e Khulna, em Bangladesh.
A tempestade que atingiu o sul do continente asiático derrubou árvores e casas, demoliu carros e ônibus, provocou deslizamentos de terras e deixou mais de 1,5 milhão sem energia elétrica. Meteorologistas registraram ventos de até 185 quilômetros por hora (km/h).
Os governos de Índia e Bangladesh lamentaram a tragédia e disseram que o número de vítimas só não foi maior porque o plano de evacuação foi executado com agilidade. Em 1999, um ciclone de intensidade semelhante atingiu Odisha e matou mais de 10 mil indianos.
A maior preocupação no momento é a pandemia. Os abrigos, que protegeram do ciclone, são potenciais focos de disseminação do novo coronavírus – embora os governos assegurem que todos estão usando máscaras. Como o balanço oficial dos danos ainda não foi divulgado, não se sabe quantas pessoas continuarão desalojadas depois que as estradas forem desbloqueadas.
Autoridades locais admitem o problema de falta de espaço nos abrigos. Muitos deles estavam sendo usados como centros de quarentena, em meio à pandemia, e ficaram superlotados do dia para a noite.
“Estamos enfrentando três crises: o coronavírus, os milhares de migrantes que estão voltando para casa e, agora, o ciclone”, disse Mamata Banerjee, ministro-chefe (cargo equivalente ao de governador) de Bengala Ocidental, o estado mais atingido.
A Índia soma 3,5 mil mortes por covid-19 e Bangladesh, 408. Ambos os países estão em quarentena desde março.
Edição: Vivian Fernandes