Coluna

As máximas e as mínimas do futebol

Imagem de perfil do Colunistaesd

Ouça o áudio:

Quem nunca teve seus 15 minutos de fama jogando bola? - Foto: Guillaume de Germain/Unsplash
Ficou chutando a bola prensada até ela ir pra fora. Não fez o gol. Mas impressionou.

Todo grosso tem seu dia de Pelé.

Esta é uma máxima do futebol, dita por não sei quem, mas acho que foi por um tal de Neném Prancha, roupeiro do Botafogo do Rio e autor de muitas frases futebolísticas.

:: Lugar de mulher é no estádio e onde mais ela quiser: os coletivos de torcedoras do RS ::

Uma delas era que “Pênalti é tão importante que devia ser batido pelo presidente do clube”. Bom, voltando ao início, acredito na frase de que todo grosso tem seu dia de Pelé. 

Já vi jogador grosso, perna de pau completo, fazer o diabo em algumas partidas de futebol. Um deles era o Siriaco, meu colega do segundo time da Esportiva Nova Resende, há muitas décadas, quando eu tinha 15 anos, e ele era só um pouco mais velho. Jogando na lateral direita, era considerado o pior atleta do time. 

Pois um dia, o goleiro passou a bola pro Siriaco pertinho da área, pensando que ele ia dar um chutão pra frente, como sempre fazia, mas o Siriaco saiu driblando como nunca tinha feito. 

:: Conheça a historiadora que estuda o futebol sob a perspectiva das mulheres e das ruas ::

Driblou todo mundo, até o goleiro adversário. Mas como jogava de cabeça baixa, não reparava nem onde estava o gol. Depois de driblar o goleiro, ficou cara a cara com o gol... 

Quer dizer, com uma das traves. Era só dar um toquinho pra esquerda que fazia um gol de placa. Mas ele não via o que fazia. Prensou a bola contra a trave e ficou chutando a bola prensada até ela ir pra fora. Não fez o gol. Mas impressionou. 

Outro grosso que vi abafar uma partida foi o Cabeça de Vaca, do mesmo time. Era atacante, mas nunca tinha marcado um gol. Num dia de chuva, o campo estava que era puro barro, pois não era gramado, e foi nesse dia, que todo mundo estava com dificuldade para dominar a bola, que ele teve seus momentos de glória.

Recebeu uma bola a uns cinco metros da entrada da área e deu um chute certeiro, no ângulo, sem chance de defesa. Belíssimo gol. Não se passaram dez minutos, mais distante da área ainda, deu outro chute bem dado e marcou outro gol.

:: Corinthians entra em campo com familiares de vítima de Paraisópolis ::

Ficamos todos babando. No fim do jogo, fui falar com ele, perguntei como é que tinha acertado dois chutes daqueles. E ele me contou, em segredo:

- Num conta pros outros não, viu - ele falou.

- É que vi o Elias de pé a uns dez metros do gol. Ele estava de camisa branca e calça branca. Quis acertar a bola suja de barro nele, mas errei, fiz o primeiro gol. Tentei de novo e fiz o segundo gol.

 

Edição: Lucas Weber