Segundo os últimos dados o IntegraSUS, o estado do Ceará registrou 22.568 casos recuperados de covid-19. O músico e professor de Geografia Filipe Adan é um dos exemplos de pacientes que se recuperaram da doença. Hoje ele se encontra de alta na sua residência e explica que está seguindo as orientações repassadas pelos profissionais da saúde, com uma alimentação saudável, hidratação e exercícios pulmonares todos os dias. Filipe também está recebendo medicação para ansiedade, pois, segundo ele, os vários dias na UTI desencadearam tal processo. “O hospital tem telefonado para acompanhar o meu estado pós-alta”, relata.
Seu primeiro sintoma foi febre muito alta. Ele explica que ficou cinco dias com febre que variava entre 38° a 39⁰,6. No terceiro dia, teve sintomas intestinais, como diarreia e náuseas, com quadro forte de vômito e dificuldade para se alimentar, pois, de acordo com ele, tudo o que comia, vomitava, além de sentir muitas dores abdominais.
“Procurei a UPA do Genibaú [bairro de Fortaleza], mas não tinha médico. Segui para UPA [do bairro] Vila Velha e não consegui atendimento devido à superlotação. Então retornei para casa sem conseguir atendimento. Isso foi no sábado, 2 de maio. Na segunda, dia 4, procurei o posto de saúde do bairro, onde consegui atendimento. Fui medicado e retornei para continuar o tratamento em casa”, detalha.
Complicações
Com o passar dos dias, os sintomas continuaram e Filipe começou a apresentar falta de ar. Ele explica que foi ao posto do bairro onde foi atendido com urgência e colocado no oxigênio. De lá, pediram transferência de urgência para internamento e foi transferido para a UPA do [bairro] José Walter.
“Lá, meu quadro se agravou mais ainda e precisei de atendimento mais específico. Fui transferido para o Hospital César Cals, no qual fui direto para UTI, necessitando ficar no que chamam de ‘máscara de reservatório’. Fizeram coletas para vários tipos de exames, dentre eles o teste para covid-19, o qual foi positivo. Tive sério processo de comprometimento do pulmão direito”.
Filipe ficou dez dias hospitalizado, sendo seis dias na UTI e quatro na enfermaria. “Uma das maiores dificuldades foi a desorientação e a falta de comunicação, pois os pacientes ficam totalmente isolados e isso afeta muito o socioemocional”, explica.
:: Programa Brasil de Fato desta quarta (6) entrevistou trabalhador recuperado da Covid ::
Estrutura dos hospitais
Questionado sobre a preparação dos hospitais para atender os pacientes, Filipe diz: “Acho essa a questão mais sensível, pois o mundo não estava preparado para uma pandemia e hoje evidencia a falta de investimentos na área da saúde, e também as desigualdades sociais em nossa cidade. O atendimento a quem consegue vaga nos hospitais é muito bom, há estrutura em equipamentos, mesmo que não sejam suficientes a todos que precisam ou vão precisar, os profissionais são muito atenciosos, sobretudo os da enfermagem. No entanto, devido o grande número de casos existentes, os hospitais estão lotados, por isso a grande importância do isolamento social, para desafogar esses equipamentos”.
Sobre ter vencido a doença, ele diz que sente uma felicidade diária e muita gratidão a todos que contribuíram com orações, rezas e energias positivas, principalmente aos profissionais da saúde que estão na linha de frente nessa batalha contra a covid-19.
“Além de lutar contra essa doença necessitamos lutar contra esses discursos que contribuem para a elevação dos índices de contaminação da população, seria importante medidas mais duras contra as pessoas que disseminam essas mentiras. Pois, é uma doença muito séria, que debilita muito o paciente e não escolhe quem vai chegar ao quadro grave, pode ser qualquer um”, diz Filipe Adan.
Fonte: BdF Ceará
Edição: Monyse Ravena e Camila Maciel