SEM PALAVRA

Em João Pessoa, famílias desabrigadas por chuvas reclamam de descaso da prefeitura

Abrigadas em escola, as 89 famílias da comunidade Terra Prometida estão sem teto, sem água e comendo mal

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Reprodução - Foto

De repente, aquelas famílias que já tinham tão pouco perderam o pouco que tinham. É assim que muitas vezes acontece. As chuvas são um fenômeno natural, mas a falta de moradia e infraestrutura não são. Todos os anos, o inverno chega ao Nordeste neste período e nada é feito para que as famílias, que já são pobres, percam o pouco que possuem para sobreviver.

Dessa vez, é a história de 89 famílias que vamos contar. A comunidade Terra Prometido, localizada em Colinas do Sul, na região do Vale do Gramame, em João Pessoa, viu as águas tomarem conta do que eram suas moradas. Foram inundadas 89 histórias de pessoas que sonham com o direito à moradia, inundadas pela água das chuvas e pelos esgotos das fossas que estouraram.

Em tempos de pandemia do novo coronavírus ficar em casa é a regra. Mas para quem perdeu o barraco, qual é a regra? Procuramos saber isso junto à Prefeitura Municipal de João Pessoa, que nos respondeu dizendo estar dando todo o apoio a essas famílias. No entanto, não é o que elas acham.

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Abrigo em escola municipal

Por causa da situação em que suas casas se encontravam desde a madrugada da sexta para sábado (23), as famílias, sem ter para onde ir, resolveram ocupar a Escola Municipal Raimundo Nonato, localizada no bairro Colinas do Sul.

Desde então, as famílias começaram a travar uma verdadeira guerra contra o frio, a fome, o medo do abandono e a pressão da Prefeitura de João Pessoa, que chamou a Guarda Municipal para retirá-las da escola. Durante a negociação, como condição mínima, a prefeitura determinou que as famílias se deslocassem do interior das salas de aulas para o ginásio de esporte do local.

"Nós não queríamos essa remoção, pois, no interior da escola, as famílias estavam organizadas, separadas com segurança por causa da covid-19, e no ginásio, todos ficariam amontoados, violando as regras de isolamento social", declarou Bárbara Zen, militante do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), que acompanha as famílias na luta por moradia.

Sem estrutura sanitária

"Agora estamos aqui completamente sem água, sem condições de lavar as mãos, só existe um banheiro para quase 300 pessoas usarem, não tem cozinha aqui para que possamos organizar um café e a Prefeitura prometeu que nos daria tudo isso, se fôssemos para o Ginásio. Nós fomos para o ginásio e agora, desde então, a Prefeitura de João Pessoa, na pessoa do secretário Diego Tavares, da Sedes [Secretaria de Desenvolvimento Social], não cumpriu com o que prometeu.", completou Bárbara.

Procuramos a assessoria de imprensa da Sedes, que se pronunciou sobre a situação. "Quanto à questão da água, está sendo fornecida água mineral para consumo das famílias, também está sendo providenciado banheiro químico e chuveiros pra que eles possam se higienizar com segurança".

"Não tem condição de ficarmos mais de 40 horas sem água, sem banheiro, sem alimentos. Isso é desumano. Além disso, essas famílias estão há 72 horas sem rumo, sem casa, assustados, sem dormir direito e aqui tem em torno de 120 crianças", desabafou Luna Carolina, militante do MTD.

Fonte: BdF Paraíba

Edição: Heloisa de Sousa e Vivian Fernandes