O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal aprovou a decisão dos veículos de imprensa Folha de S.Paulo, Grupo Globo, Band, Correio Braziliense e Metrópoles, desta segunda-feira (25), de não enviar mais repórteres para a cobertura em frente do Palácio da Alvorada, por onde passa diariamente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus apoiadores.
“Enfim, os principais veículos de comunicação do país acordaram para a necessidade de proteger seus trabalhadores, suspendendo a cobertura no Palácio da Alvorada”, afirmou a diretoria do sindicato por meio de uma nota. Desde 2019, a entidade dialoga com os profissionais da imprensa e cobra das empresas de comunicação medidas concretas para a proteção desses trabalhadores. “Felizmente, a resposta veio nesta segunda, antes que uma tragédia marcasse a categoria.”
Para o sindicato, a entrada do Palácio da Alvorada oferece tantos riscos aos trabalhadores que foi necessário deixar o local. "Em uma democracia, isso não é normal. O jornalismo não pode ser refém da violência e do autoritarismo. E o direito à vida e ao trabalho com dignidade não pode ser violado, ainda mais por fanatismos e apoiadores de um governo que já sinalizou diversas vezes colocar seus interesses acima da vida da população brasileira”.
Em uma democracia, isso não é normal. O jornalismo não pode ser refém da violência e do autoritarismo.
Agressões
Nesta segunda-feira (25), antes da decisão dos veículos de imprensa, apoiadores de Bolsonaro hostilizaram jornalistas que estavam na porta do Palácio após o capitão reformado se negar a dar entrevista. “O dia que vocês tiverem compromisso com a verdade eu volto a falar com vocês”, afirmou o presidente.
Entre os apoiadores, foi possível ouvir: "Ó o lixo, ó o lixo, ó o lixo" e "Escória! Lixos! Ratos! Ratazanas! Bolsonaro até 2050! Imprensa podre! Comunistas". Um outro apoiador também gritou: "Eu não sei como vocês conseguem dormir à noite. Vocês não representam a população brasileira! Mídia comunista, comprada! Cambada de safados!"
A Folha de S. Paulo afirmou que voltará a enviar repórteres para o “cercadinho” da residência oficial de Bolsonaro “somente depois das garantias de segurança aos profissionais por parte do Palácio do Planalto”.
O Grupo Globo, por sua vez, enviou uma carta ao general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), na qual afirma que seus jornalistas “vêm sofrendo dia a dia por parte dos militantes que ali se encontram, sem qualquer segurança para o trabalho jornalístico”.
Nesta terça-feira (26), o GSI divulgou uma nota onde defende que algumas medidas já foram tomadas para garantir a segurança dos jornalistas, como a separação entre apoiadores e profissionais da imprensa por meio de grades e inspeção dos frequentadores no local.
“Continuaremos aperfeiçoando esse dispositivo para que o local permaneça em condições de atender às expectativas de trabalho e de livre manifestação dos públicos distintos que, diariamente, comparecem ao Palácio da Alvorada”, diz um trecho do documento.
Edição: Rodrigo Chagas