Pandemia

Segundo bairro de Recife mais afetado por covid-19 recebe ações de solidariedade

Na comunidade 7 Mocambos, população recebe cestas básicas e formações de agentes populares de saúde

Brasil de Fato | Recife (PE) |

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No último fim de semana, mais uma distribuição de alimentos foi realizada - Mãos Solidárias

Há um ano, algumas organizações que compõem a Frente Brasil Popular começaram a atuar na comunidade 7 Mocambos, no bairro da Várzea, na zona oeste do Recife (PE), construindo cineclubes para debater sobre diversas questões sociais de maneira mais lúdica.

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Neste momento de pandemia de covid-19, essas organizações se somaram à campanha Mãos Solidárias e estão realizando distribuições de cestas básicas para as famílias da comunidade, além de promoverem a formação dos Agentes Populares de Saúde, que vão atuar na conscientização da comunidade no combate ao coronavírus.

Um grupo formado por 12 pessoas teve a primeira etapa de formação de Agente Popular de Saúde na última quinta-feira (21) e contou com a participação de professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e profissionais de saúde.  

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Para Andresa Alves militante da Marcha Mundial das Mulheres, que está envolvida no Mãos Solidárias na comunidade, o processo de formação tem sido "excepcional". “Tivemos até agora apenas uma etapa e a gente percebeu o quanto que as pessoas começaram a ver a importância da organização do bairro. Agora eles veem a possibilidade de ter uma organização popular e isso é muito importante porque eles sabem o quanto que eles tem necessidades relacionadas à saúde, à moradia deles e esse curso representa uma semente”, afirma.

Essa satisfação também esteve presente na fala de Priscila, que está participando da formação. "Foi muito produtivo, foi muito boa porque a gente teve conhecimento de uma doença que até então a gente só via na televisão e tal e quando chegou aqui a gente teve um índice muito grande de contaminação, acredito também que a falta de informação, porque nem todo mundo tem televisão, nem todo mundo tem rádio, então isso também ajudou a contaminação de muitos”, declara a moradora de 7 Mocambos.

Foram realizadas já duas ações de distribuição de cestas básicas na comunidade. A própria comunidade quem escolheu quais seriam as primeiras famílias a receber os alimentos segundo o critério de maior necessidade. Nesse processo de distribuição, houve diálogo com a população sobre a covid-19 e as formas de prevenção. Para Priscila Araújo, "foi algo novo, inovador que me ajudou a ter a conscientização do isolamento mais sério, da questão da higienização, da questão de ajudar os meus vizinhos e passando a esperança que eu tenho que a gente vai vencer tudo isso”, finalizou.

O bairro da Várzea

O bairro da Várzea, na zona oeste do Recife, é o segundo bairro com maior número de casos de Covid-19 no município, de acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do Recife. Contabilizando 223 casos confirmados, Várzea fica atrás, somente, de Boa Viagem, que lidera o índice de contágios, com 529 casos. Várzea é bastante conhecida no estado por abrigar a UFPE e ter uma ativa vida cultural. Além disso, o bairro também possui diversos habitantes que vivem em situação de extrema vulnerabilidade, como é o caso da comunidade 7 Mocambos.

7 Mocambos

Na comunidade, vivem cerca de 250 famílias que se aglomeram em pequenos espaços entre os grandes casarões da família Brennand e a beira do Rio Capibaribe. Sendo um espaço de especulação imobiliária devido à sua localização, os moradores de 7 Mocambos vivenciam o tensionamento da permanência de suas moradias e o descaso do poder público, com ausência de saneamento básico e de uma Unidade Básica de Saúde (UBS).

Segundo Priscila Araújo, que mora em uma casa pequena com seus dois filhos adolescentes, uma das principais demandas da comunidade é por água, já que as moradias não possuem água tratada e uma rede de esgoto que abasteça as casas.

“As pessoas que têm um pouquinho mais de condição têm poço, e aí as que têm poço cedem água para as outras casas através de mangueira. A gente vai se virando, né? A gente também não tem esgoto tratado”, afirma. Como improviso, os dejetos são direcionados para o rio, o que, segundo a moradora, gera problemas de poluição. Os moradores não encontram outra saída, devido à falta de estrutura.

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vivian Fernandes e Marcos Barbosa