O coletivo “Ação Covid-19”, que reúne pesquisadores de diversas áreas e universidades, lançou uma nota técnica criticando o relaxamento do isolamento social no estado de São Paulo, anunciado pelo governador João Dória na última quarta-feira (27).
“É uma decisão eminentemente política e pouco amparada por dados científicos. Ninguém, em nenhum lugar do mundo, está reabrindo, ou relaxando o isolamento social, no momento de aceleração da curva. Achamos que é um equívoco grande”, afirma José Paulo Guedes Pinto, pesquisador e professor da Universidade Federal do ABC, integrante do coletivo.
De acordo com a nota, São Paulo começa a retomar as atividades antes do pico da pandemia do coronavírus no estado. “A epidemia da covid-19 no Estado de São Paulo, que teve o seu primeiro caso no dia 25/02, chega ao final de maio em sua situação mais crítica. No mês de junho e possivelmente ainda em julho, teremos o pior cenário no enfrentamento da pandemia”.
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Os pesquisadores lembram que no dia 13 de maio, Doria classificou a abertura da Alemanha como “precipitada” e lamentou que o índice de isolamento, monitoriado pelo governo de São Paulo, não mostrava que a população estava aderindo à quarentena. “O isolamento social não aumentou no estado, ao contrário, diminuiu. Gostaríamos de saber, portanto, o que mudou na análise de lá para cá.”
Outro aspecto defendido pelos pesquisadores é que o relaxamento deveria ser adotado quando o estado já tivesse um controle sobre o número de contaminados, que pode ser maior, segundo a nota técnica.
“Como no Estado de São Paulo ainda não é realizada a testagem em massa, não é possível auferir o indicador (reconhecido pela a OMS) necessário para se saber o real número de infectados em um município ou região. Tampouco fica claro no documento como será apurado o grau de adesão a esses protocolos de testagem por cada município”, finaliza a nota.
Covas contraria Doria
Neste sábado (30), a Prefeitura de São Paulo, contrariando as orientações do governo estadual, prorrogou a quarentena no município até dia 15 de junho. A equipe de Doria colocou a capital paulista na zona laranja, que permite o atendimento presencial em todos os estabelecimentos comerciais.
Com a prorrogação do decreto de 24 de março, a capital paulista continua autorizando o funcionamento apenas dos serviços essenciais como saúde, segurança e alimentação. Ainda no documento, Covas afirma que o município só começará a retomada das atividades quando os setores apresentarem propostas que respeitem a classificação epidemiológica da capital.
Edição: José Eduardo Bernardes