Dor, indignação e gritos por justiça marcaram o funeral de George Floyd, que aconteceu nesta quinta-feira (4), em Minneapolis, cidade onde teve inicio o estopim antirracista e contra a violência policial que repercutem em todo o país e em nível internacional.
Além da presença dos familiares, o memorial realizado no santuário North Central University contou com as homenagens de centenas de ativistas, que seguiram restrições sanitárias em meio à pandemia do novo coronavírus.
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Os participantes permaneceram em silêncio por 8 minutos e 46 segundos durante a cerimônia, tempo em que o policial Derek Chauvin manteve o joelho pressionando o pescoço de George Floyd, que morreu asfixiado no dia 25 de maio após alertar repetidamente que não conseguia respirar.
Al Sharpton, reverendo ativista de direitos civis foi o encarregado pela cerimônia, e afirmou que "o que aconteceu com Floyd acontece todos os dias neste país". "É hora de nos levantarmos e, em nome de George, dizermos: tire esse joelho do meu pescoço", declarou, ovacionado pelos presentes.
"Você mudou o mundo, George", continuou o reverendo, após afirmar que o homicídio de Floyd provocou a maior indignação popular desde o assassinato de Martin Luther King Jr. em 1968.
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Com música e participação de políticos como Jacob Frey, prefeito de Minneapolis e a senadora Amy Klobuchar, familiares prestaram depoimentos emociantes sobre Floyd .
"É louco, todas essas pessoas vieram ver meu irmão, é incrível que ele tenha tocado tantos corações.Todo mundo quer justiça, nós queremos justiça para George e ele vai conseguir. Ele vai conseguir", disse Philonise Floyd, um dos irmãos da vítima, após compartilhar diversas memórias e experiências vividas ao lado de George.
Ao lado de outros familiares, Philonise estava vestindo um terno escuro e um broche com palavras "Não consigo respirar".
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Outra homenagem a George Floyd também aconteceu no bairro do Brooklyn, em Nova York, e contou com a participação de Terrence Floyd, outro irmão da vítima. As despedidas foram as primeiras de uma série de celebrações agendadas para os próximos dias. Após Minneapolis, onde ocorreu o crime, o funeral seguirá para Houston e Carolina do Norte.
Protestos
O funeral de Floyd acendeu ainda mais as manifestações contra a violência policial no país, que chegaram ao seu décimo dia consecutivo nesta quinta (4).
Segundo a imprensa americana, ao longo dos dias os atos seguiram sem intercorrência nas cidades, até que, por volta das 22h, as forças policiais reprimiram os ativistas alegando cumprimento do toque de recolher.
Imagens divulgadas pelos veículos mostram momentos em que os policiais empurram os manifestantes e até mesmo os profissionais da imprensa que cobriam os atos. De acordo com a agência Associated Press, com as prisões da última noite, já são mais de 10 mil detidos desde o início da revolta.
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Grande parte dos municípios que haviam determinado o toque de recolher, decidiram suspendê-lo, já que a medida não fez com que as pessoas saíssem das ruas. Além de Minneapolis e Nova York, protestos também foram registrados em Atlanta, Los Angeles e Washington, capital dos Estados Unidos. As mobilizações devem seguir ao longo deste fim de semana.
Fim da polícia?
A Câmara Municipal de Minneapolis irá discutir, nesta sexta-feira (5), possíveis mudanças a serem feitas na estrutura policial da cidade. A informação é do site local Eyewitness News/KSTP.
De acordo com o veículo, a reunião emergencial votará uma ordem judicial para dar início às alterações, que devem acontecer à longo prazo. Durante a semana, dois membros do Conselho afirmaram que defendem até mesmo a eliminação do Departamento de Polícia de Minneapolis após a morte de George Floyd.
“Ficou claro que as pessoas estavam marchando por muito mais do que isso - a resposta à morte de George Floyd precisava ser muito mais do que qualquer acusação poderia oferecer. O que as pessoas nas ruas querem é uma mudança permanente e geracional para a visão geral do policiamento”, escreveu Steve Fletcher, um dos conselheiros da Câmara, em seu twitter.
“Vários de nós estamos trabalhando para descobrir, o que seria necessário para desmantelar o MPD e começar de novo com uma segurança pública não violenta e orientada para a comunidade”, registrou.
Sem maiores detalhes, na última quinta (4), Lisa Bender, presidente da Câmara Municipal de Minneapolis também publicou uma mensagem endossando as mudanças em suas redes sociais. "Vamos desmantelar o Departamento de Polícia de Minneapolis e substituí-lo por um novo modelo transformador de segurança pública".
Edição: Leandro Melito