O instituto Friederich Ebert Stiftung divulgou, nesta sexta-feira (5), o estudo “Bolsonarismo em crise?”, coordenado pelas pesquisadoras Camila Rocha e Esther Solano. O documento indica que eleitores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se arrependeram do voto. A pesquisa foi realizada com 27 pessoas, sendo 12 homens e 15 mulheres, das classes C e D, que declararam voto no ex-militar em 2018.
As pesquisadoras classificaram os 27 entrevistados em três grupos: 13 fieis, 10 arrependidos e 4 críticos ao governo. Entre os que se arrependem do voto, dois motivos foram mais citados como balizadores para a mudança, a postura violenta de Bolsonaro e a gestão da crise do coronavírus pelo governo federal.
“Eles consideram que o Bolsonaro é violento e agressivo, que ele tem um jeito caótico de governar, cria muita instabilidade e há uma avaliação muito negativa dos filhos, muitos entrevistados consideram eles potencialmente corruptos. Mas o segundo mais importante, é a decepção profunda com a gestão da crise do coronavírus, eles acham que o Bolsonaro está sendo irresponsável e desumano, sem cuidar das pessoas. Seria uma falta de ética dele”, afirma Solano, que é socióloga e professora da Unifesp.
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2022
Um dos temas das entrevistas com os bolsonaristas foram as eleições de 2022. A pesquisa constatou que entre os eleitores de Bolsonaro o antipetismo ainda é determinante para a declaração do voto.
“A maioria dos apoiadores críticos, apesar de ventilarem possíveis opções, afirmam que, a despeito das críticas, ainda considerariam Bolsonaro como opção, principalmente considerando como adversário o PT”, aponta o estudo.
Para Solano, essa constatação é “preocupante”. “Os entrevistados desiludidos com o Bolsonaro, que falaram que votaram nele por esperança em 2018, dizem que em 2022 voltariam a votar nele, mesmo desiludidos, porque não encontraram nenhuma alternativa viável. Isso é uma preocupação.”
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A socióloga explica que, entre os eleitores fieis, Bolsonaro conseguiu aglutinar prestígio quando antagonizou saúde e economia, durante a pandemia do coronavírus. “Quando ele falou da ‘gripezinha’ não pegou bem. Mas a dicotomia entre saúde e quarentena pegou bem entre a população que D e E, que é o público da nossa entrevista. As pessoas estavam preocupadas por ficarem em casa e os boletos continuariam chegando. Aí, ele ganhou a narrativa. Quando ele disse que os mais pobres não teriam alternativa, os mais pobres concordaram.”
Edição: Rodrigo Chagas