Manifestantes voltaram a se reunir em São Paulo, no Largo da Batata, zona oeste da capital, contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a “escalada do fascismo”, e em defesa da democracia. A concentração do ato foi às 14h.
Após falas de lideranças das entidades que compuseram o ato, o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto (MTST) e o Somos Democracia dispersaram. Grupos autônomos seguiram com o ato até a Rua dos Pinheiros, onde uma barreira policial os impediu de seguir com a manifestação.
De acordo com a Polícia Militar, eram 3 mil pessoas no ato. Até o fechamento desta matéria, os organizadores não haviam divulgado uma estimativa do público presente no Largo da Batata. Não houve registro de prisões e nem conflitos.
Para Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST, há respeito do movimento por aqueles que decidiram ficar em casa, para evitar a contaminação por coronavírus. Porém, ele pediu que as manifestações continuem, apesar da pandemia de coronavírus. Durante o ato foram distribuídas máscaras e álcool em gel para evitar o contágio pela doença.
Saiba mais: Inspiradas em chilenas, mulheres abrem ato em São Paulo contra Bolsonaro e o fascismo
“Viemos barrar a escalada fascista, seremos uma muralha contra a marcha fascista do Bolsonaro. Começou semana passada com os torcedores e continua hoje aqui, nós vamos sim, barrar o fascismo”, afirma Boulos.
O coordenador do MTST criticou a tentativa do governo de classificar manifestantes antifascistas como “terroristas”.
“Terrorista não é quem vai lutar pela democracia, terrorista é quem foi expulso do quartel porque queria explodir quartel”, afirmou Boulos, lembrando que Jair Bolsonaro planejou colocar bombas em unidades do Exército em 1987, fato admitido pelo presidente.
“Vagabundo é quem ficou 27 anos no Congresso e não fez porra nenhuma. Vagabundo é o safado do velho da Havan, não tem vergonha na cara, cambada de vagabundo. Nós estamos fazendo história, quem está aqui hoje, está fazendo história”, finalizou.
Chico Malfitani, fundador da Gaviões da Fiel, lamentou as críticas aos que decidiram sair às ruas para protestar durante o período de isolamento social.
“Parece que a sociedade brasileira estava adormecida, vendo o avanço da vontade do presidente e seus filhos de fechar o Congresso Nacional, fechar o Supremo, a pandemia tomando conta do país e todo mundo sentado observando. Então nós resolvemos sair. Essas pessoas que vão para a frente da Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo] são 100, 150 pessoas, nós somos a maioria. Assustou o povão na rua, a direita e até alguns intelectuais da esquerda, que pediram para não cairmos em provocação. Que provocação? Esperar as pessoas morrerem de covid-19 ou morrer de fome?”, questiona.
Quase três horas após o encerramento do ato no Largo da Batata, pessoas identificadas como manifestantes, pela Polícia Militar de São Paulo, foram presas na região de Pinheiros, próximo a Rua Teodoro Sampaio. A PM não confirmou o número de detidos até o fechamento dessa matéria. Eles foram levados para a 14ª Distrito Policial, em Pinheiros.
Apoiadores de Bolsonaro pedem intervenção militar
Em número reduzido, um grupo de manifestantes favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se reuniu, na manhã deste domingo (7), na avenida Paulista, região central de São Paulo. Os ativistas se concentraram na frente do sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e carregavam faixas pedindo intervenção militar no país.
Por volta das 14h, horário em que começou a manifestação contra o fascismo e o governo de Jair Bolsonaro no Largo da Batata, zona oeste de São Paulo, o ato da avenida Paulista dispersou. Alguns intervencionistas estavam receosos de que houvesse retaliação.
A reportagem do Brasil de Fato confirmou que até às 15h, alguns intervencionistas pró-Bolsonaro ainda circulavam pela avenida Paulista, na altura do Museu de Arte de São Paulo (Masp), carregando bandeiras do Brasil.
A Polícia Militar confirmou que três manifestantes foram detidos na avenida Paulista. Porém, não confirmou se eram ativistas favoráveis ou contrários ao governo e nem o crime que teriam cometido.
Protestos pelo país
Atos contra Bolsonaro foram registrados em diversas capitais neste domingo (7). Em Brasília, manifestantes contra o governo de Jair Bolsonaro, contra o racismo e o fascismo se reuniu na Biblioteca Nacional por volta das 9h e percorreu a Esplanada dos Ministérios.
A Polícia Militar do Distrito Federal (DF) montou uma barreira para separar de um grupo de manifestantes a favor do governo Bolsonaro que permanecem acampados em Brasília nas proximidades do Palácio do Planalto.
No Rio de Janeiro os manifestantes contra o governo de Jair Bolsonaro se concentraram no monumento Zumbi dos Palmares e caminharam pela avenida Presidente Vargas até a Candelária, onde os manifestantes começaram a dispersão do ato por volta das 16h. Além de palavras de ordem contra o atual governo federal, os cartazes também trouxeram mensagens contra o fascismo e o racismo e lembraram o assassinato do menino João Pedro e da vereadora Marielle Franco.
Em Salvador (BA), uma multidão se concentrou em frente ao Shopping da Bahia em protesto contra o racismo e o governo de Jair Bolsonaro. Assim como aconteceu em São Paulo e no Rio, a manifestação contou com a participação de torcidas de futebol antifascistas.
Em Porto Alegre (RS), onde as torcidas antifascistas do Grêmio e do Internacional se uniram para protestar contra o governo Bolsonaro, milhares de pessoas foram às ruas do centro da cidade neste domingo (7) no quinto ato antifascista realizado na capital gaúcha. Com as palavras de ordem “Recua fascista, recua, é o poder popular que está nas ruas!”, o ato passou na frente dos quartéis do Comando Militar do Sul, onde nos domingos anteriores se reuniram os apoiadores de Bolsonaro.
Justiça por Miguel
Em Tamandaré (PE), manifestantes foram às ruas pedir “Justiça por Miguel” em Tamandaré, cidade que o patrão da mãe de Miguel, a empregada doméstica Mirtes Renata Souza, é prefeito.
Miguel morreu em uma queda do 9º andar do Condomínio Pier Maurício de Nassau, no Cais da Alfândega, conhecidas no Recife como “Torres Gêmeas” onde sua mãe trabalhava. A criança estaria sob os cuidados da empregadora, Sari Corte Real, primeira-dama do município de Tamandaré, que teria deixado a criança sozinha no elevador para encontrar com a mãe, mas saiu no 9º andar e caiu de uma altura de 40 metros.
Edição: Leandro Melito