O Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC-Sindicato) divulgou em seu site um manifesto sobre o retorno das aulas na Universidade Federal do Ceará (UFC) durante a crise causada pelo coronavírus. O texto traz preocupações sobre o posicionamento da universidade, que, segundo a avaliação dos professores, tem acelerado os processos de retomada sem estabelecer condições adequadas.“A comutação para atividades remotas, como foi estabelecida pelo MEC e ratificada pelo Conselho Nacional de Educação, não foi acompanhada de nenhuma política pública que contemplasse as necessidades educacionais e tecnológicas nesse novo modo”, diz um trecho do manifesto.
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Outro trecho fala sobre a expectativa do retorno das atividades de diversos setores em escala nacional, o que, de acordo com o sindicato, faz pressão para que as universidades públicas desenvolvam atividades remotas em substituição às aulas presenciais. “Na UFC, uma característica peculiar desperta atenção: um aligeiramento que tem comprometido tanto a busca por soluções quanto o próprio planejamento”.
O manifesto afirma que quase três meses após a suspensão das aulas, a ausência de um plano mínimo por parte do órgão responsável pela acessibilidade na UFC não se justifica. “O objetivo maior da reitoria tem sido, em toda a gestão da crise, forjar uma normalidade inexistente e maquiar problemas e dificuldades, para não se comprometer com soluções reais e satisfatórias”.
Proposta Pedagógica de Emergência (PPE)
O manifesto também faz uma análise crítica da Proposta Pedagógica de Emergência (PPE) da Pró-Reitoria de Graduação, dentro do contexto da crise causada pela covid-19. A UFC divulgou em seu site que concluiu a elaboração das diretrizes gerais da PPE, que apresenta mecanismos para a retomada gradual das atividades acadêmicas e a conclusão do primeiro semestre.
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A Proposta traz, de acordo com as informações divulgadas pela UFC, uma série de orientações para cada uma das três situações observadas atualmente na UFC: turmas que estão praticando atividades remotas; turmas que interromperam as atividades remotas; turmas que não realizaram atividades remotas.
“Um dos argumentos mais enfatizados no PPE para a rápida adoção de aulas remotas é possibilitar a conclusão do curso para muitos estudantes. Porém, o plano não revela como solucionará a questão da obrigatoriedade dos estágios supervisionados, que no momento não podem ser realizados e muito menos substituídos por atividades remotas, levando a crer que ou estes serão negligenciados ou a motivação da conclusão de curso é simplesmente um argumento vazio”, critica o manifesto.
Aulas remotas
Os docentes afirmam que desde o início da pandemia, as ações por parte da gestão da Universidade têm gerado bastante insegurança sobre o trabalho docente, ignorando as situações complexas do trabalho remoto para quem tem filhos, parentes idosos ou com comorbidades. Eles citam também assédio a professores que não aderiram ao sistema remoto. “A proposta da Prograd não avança neste sentido e desconsidera o fato de que alguns docentes não têm meios para realização dessas atividades no ambiente doméstico. Desconsidera, ainda, que professores apresentando comorbidades não podem se deslocar aos campi para realizar essas aulas com equipamentos da universidade”.
Em matéria publicada anteriormente pelo Brasil de Fato CE, o presidente da ADUFC e professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da universidade, Bruno Rocha, falou sobre as preocupações e desafios da realização de atividades remotas por parte dos alunos. “Não só recursos tecnológicos, mas também condições psicológicas, uma vez que muitos deles estão cuidando dos seus pais, avós, estão tendo contato com outros familiares e estão precisando dedicar mais tempo a sua família nesse período de distanciamento social”, reforçou.
A reitoria da UFC foi procurada para comentar as críticas apontadas no manifesto, mas não se posicionou até o fechamento desta reportagem.
Fonte: BdF Ceará
Edição: Monyse Ravena e Raquel Júnia