O número de trabalhadores da limpeza urbana infectados pelo coronavírus é quase cinco vezes e meia maior que o de infectados na população brasileira em geral. E o número de mortes é ainda maior: mais de seis vezes a mais que o resto da população.
É o que aponta a pesquisa realizada pela ABES, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. Essa pesquisa foi feita em 23 capitais e traçou um rápido panorama sobre a situação e também sobre a coleta de resíduos durante a pandemia.
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Os mais atingidos são aqueles que trabalham com capina e varrição e com a coleta de lixo convencional. Já sobre a quantidade de resíduos sólidos gerados durante a pandemia, o estudo mostra que houve diminuição em média de 10% entre as capitais.
O maior impacto foi sentido em Florianópolis com uma redução de 19% na geração de resíduos, seguido por Cuiabá, com diminuição de 17% e Vitória, com 16%. A menor redução ficou por conta de João Pessoa com apenas 4%.
Os pesquisadores relacionam a diminuição na geração de resíduos à redução de postos de trabalho e a diminuição da renda de grande parte dos brasileiros, que estão consumindo somente o essencial.
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Sobre a coleta seletiva, comparando com os meses de março e abril, houve uma redução drástica na maioria das capitais brasileiras. Apenas na cidade de Aracaju teve aumento significativo, enquanto nas outras cidades houve interrupção, como em Belo Horizonte, Brasília e Salvador; ou tiveram grande redução do serviço.
Esse é o segundo estudo feito pela Associação, com dados coletados entre 6 e 29 de maio. O primeiro foi feito com dados de apenas dez capitais entre março e abril.