Tensão

Confronto na fronteira entre Índia e China deixa mortos pela primeira vez em 45 anos

Vinte militares indianos morreram na noite de segunda-feira (15); China confirma 43 vítimas, entre mortos e feridos

Brasil de Fato | Nova Delhi (Índia) |
Porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, fez alerta à Índia: "Não atravessem a fronteira, não provoquem problemas" - GREG BAKER / AFP

Ao menos 20 militares indianos foram mortos na noite desta segunda-feira (15) em confronto com soldados chineses no vale do rio Galwan, região do Himalaia, na fronteira entre os dois países. A China confirma 43 vítimas, entre mortos e feridos.

Fontes do Exército citadas pela emissora indiana NDTV disseram que os militares foram "mortos em combate corpo a corpo". A imprensa afirma que altos oficiais da China e da Índia estão reunidos na fronteira para fazer um acordo e impedir o agravamento do conflito.

Esta é a primeira vez em 45 anos que um enfrentamento entre as Forças Armadas de Índia e China deixa vítimas fatais. Com 3.488 km de fronteira compartilhada, os dois países possuem armamento nuclear.

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“Pedimos novamente à Índia que controle suas tropas na fronteira. Não atravessem a fronteira, não provoquem problemas”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian.

Até o momento, as informações são incompletas. Ajai Shukla, jornalista independente que cobre os conflitos na região, informou há pouco em sua conta no Twitter que o número de vítimas do lado indiano pode ser "muito maior" que o informado inicialmente.

Contexto

Há pelo menos dez anos, a China investe em infraestrutura na região do Paquistão, país vizinho e rival histórico da Índia, buscando criar um corredor de escoamento de produção alternativo. Para isso, precisaria atravessar uma área sob domínio indiano.

Desde o começo de maio, os dois países vêm trocando acusações sobre avanços indevidos de tropas na fronteira. As tensões se elevaram há cerca de 40 dias, quando centenas de soldados dos dois países atiraram pedras uns contra os outros. Índia e China mobilizaram suas tropas imediatamente, mas informaram que buscariam uma saída pacífica.

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O Ministério de Assuntos Exteriores da Índia comunicou nesta terça-feira (16) que a China violou um pacto de respeito à fronteira firmado no último dia 6. No mesmo documento, a pasta afirma que está comprometida com a paz e a tranquilidade na região, mas que trabalhará para defender a soberania e a integridade territorial do país.

O confronto ocorre na chamada Linha de Controle, objeto de disputa durante a guerra sino-indiana em 1962, que redefiniu o desenho da região e deixou 1,3 mil mortos. A maior parte do vale do rio Galwan pertence hoje ao estado indiano de Arunachal Pradesh, território chamado pelos chineses de Tibete do Sul.

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A Índia é, desde 2017, um dos principais aliados internacionais dos Estados Unidos, que trava uma guerra comercial com a China. 

Texto atualizado às 13h49 do dia 16 de julho de 2020.

Edição: Leandro Melito