Estudo da Universidade de Oxford, na Inglaterra, constatou que o uso do corticoide dexametasona em pacientes com quadros graves de covid-19 reduziu em 33% a mortalidade de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e em 20% nos pacientes que necessitam de apoio de oxigênio fora da UTI. A Sociedade Brasileira de Infectologia comemorou os resultados. “Temos o primeiro tratamento farmacológico para covid-19 que mostrou impacto em reduzir a mortalidade. Finalmente temos uma boa nova”, disse o presidente da entidade, Clóvis Arns da Cunha.
“Como temos insistido desde o início da pandemia de covid-19, os estudos clínicos randomizados e com grupo de controle é que devem nortear nossa conduta de como tratar a covid-19”, destacou Cunha, em referência a estudos com bases frágeis que indicaram eficácia no tratamento com outros medicamentos, mas sem ampla aceitação da comunidade científica, como no caso da cloroquina e da hidroxicloroquina. O estudo não apontou qualquer eficácia da dexametasona em pacientes com quadros leves de covid-19, isto é, que não necessitam de apoio de oxigênio.
Segundo os pesquisadores de Oxford, a dexametasona foi responsável pela sobrevivência de um em cada oito dos pacientes com quadros mais graves. “O benefício para a sobrevivência é claro e alto em pacientes que estão doentes a ponto de terem que receber tratamento com oxigênio. Então, esse deve ser o padrão de cuidado nesses pacientes”, explicou um dos autores do estudo, Peter Horby, professor de doenças infecciosas no departamento de medicina da universidade.
O estudo contou com a participação de 6 mil pacientes com quadros graves – necessitando apoio de oxigênio ou ventilação mecânica na UTI. Desses, foram escolhidos aleatoriamente 2.104 pessoas para receber 6mg de dexametasona, uma vez ao dia, por via oral ou por injeção intravenosa, durante 10 dias. Ao final do tratamento, os que receberam o medicamento tiveram o quadro de saúde comparado com os 4.321 pacientes que passaram apenas pelos procedimentos estabelecidos atualmente.
O risco de morte caiu de 40% para 28%, entre os pacientes que estavam em UTI e necessitavam de aparelhos respiradores. Entre os que recebiam oxigênio, o risco de morte caiu de 25% para 20%.
Apesar dos bons resultados, a pesquisa completa ainda vai ser publicada. Os infectologistas destacam que essa notícia não significa que as pessoas devam tomar dexametasona por conta própria, muito menos como tratamento preventivo, já que os resultados só foram vistos em quadros graves da covid-19.