Talvez a rachadinha seja o menor dos problemas dos Bolsonaro
Quase dois anos após iniciada a investigação sobre as movimentações financeiras suspeitas de Fabrício Queiroz, ex-assessor do atual senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi preso em Atibaia (SP), em uma propriedade que pertence a Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro.
O advogado do clã Bolsonaro circula frequentemente pelo Planalto, é defensor da família nos casos Queiroz e Adélio Bispo, e esteve na cerimônia de posse do novo ministro das Comunicações, Fábio Faria, na quarta-feira (17). Na semana anterior, ele passou a tarde com o presidente na sede do Executivo.
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Para comentar a crise política, o Jornal Brasil Atual Edição da Tarde recebe a deputada federal Margarida Salomão (PT-MG), o advogado e doutor em ciência política, Jorge Rubem Folena, e a professora da PUC-RJ e membro fundadora da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), Gisele Cittadino.
"O acontecimento de hoje fragiliza Bolsonaro ainda mais, torna seus eventuais parceiros (o Centrão), mais desconfiados e, a depender daquilo que venha à luz (certamente muitas coisas serão expostas nos próximos dias), é possível que nós tenhamos uma aceleração do governo Bolsonaro", disse a deputada sobre a prisão de Queiroz.
Em relação ao fato de o ex-assessor de Flávio Bolsonaro estar abrigado na casa do advogado da família Bolsonaro, Cittadino explica que embora Wassef não estava abrigando um foragido, "mas do ponto de vista ético esse advogado arranjou um problema imenso, primeiro porque trata-se de um mentiroso: disse há uns dois meses atrás e também no ano passado que ele não conhecia nem fazia a menor ideia onde estava Fabrício Queiroz, segundo, porque ele é advogado do presidente e de seu filho, e deu guarida a alguém que teve prisão preventiva decretada por crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa".
A jurista afirmou que o crime de organização criminosa é "onde temos um longo fio a puxar". Para ela o mais preocupante do caso Queiroz está nos "vínculos da família Bolsonaro com a milícia carioca". "Nessa confusão toda, talvez o crime da rachadinha seja o menos importante", conclui Cittadino.
O cientista político Jorge Rubem Folena afirmou que a prisão de Queiroz "sob o aspecto político, me parece uma forma de resistência por parte das instituições que estão sendo sistematicamente atacadas pela Presidência da República e por membros do governo".
Confira todas as entrevistas e o jornal completo no áudio acima.
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O Jornal Brasil Atual Edição da Tarde é uma produção conjunta das rádios Brasil de Fato e Brasil Atual. O programa vai ao ar de segunda a sexta das 17h às 18h30, na frequência da Rádio Brasil Atual na Grande São Paulo (98.9 MHz) e pela Rádio Brasil de Fato (online). Também é possível ouvir pelos aplicativos das emissoras: Brasil de Fato e Rádio Brasil Atual.
Edição: Mauro Ramos