O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi ouvido por uma comissão mista do Congresso Nacional na manhã desta terça-feira (23), em Brasília.
A ideia era cobrá-lo sobre o "apagão de dados" da covid-19, a falta de transparência e as omissões do governo no combate à pandemia. Com a participação de muitos parlamentares governistas, no entanto, a sessão transformou-se num cortejo ao general.
Ajudado pela limitação da reunião remota, o ministro teve facilidade para se desvencilhar dos questionamentos, trocando elogios com deputados e senadores, deixando perguntas para trás e fazendo promessas futuras. Ele aproveitou o espaço para propagandear investimentos feitos pelo governo.
Na abertura dos trabalhos, o deputado Francisco Junior (PSD-GO), relator da comissão, questionou o ministro sobre a omissão de informações sobre leitos hospitalares disponíveis por parte da Saúde e perguntou quais são os critérios utilizados para a distribuição de testes aos estados – existem dois tipos, um menos confiável que o outro.
Pazuello admitiu que os dados sobre leitos não são compartilhados com o público e garantiu que, até o fim da semana, estarão disponíveis no site do Ministério da Saúde.
Sobre a política de repasse dos testes, outra promessa como justificativa. “A gente está com ela aqui na mão. Isso demorou um pouquinho, porque a gente precisava tirar todas as dúvidas para poder apresentar. Isso vai ser apresentado logo, provavelmente hoje, na coletiva, ou amanhã”.
O deputado Felício Laterça (PSL-RJ) quis saber o que o general achou da decisão do STF que delegou a decisão sobre medidas de restrição social a estados e municípios.
Em uma das poucas vezes em que respondeu objetivamente, o ministro contrariou a opinião do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e disse considerar acertada a postura da Corte. Ele afirmou que, para tomar decisões a nível federal, é preciso pactuar com os governos locais.
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"Realmente, eu acredito que a decisão do STF de passar para estados e municípios o poder de decidir como se posicionar, como fazer o isolamento, eu acho que é a única possível. Cabe ao governo federal as observações macro e as ações específicas de estruturas federais", disse.
Pazuello também falou sobre vacinas. Ele declarou que o governo está monitorando as três propostas mais promissoras e vai fechar acordo com a Universidade de Oxford, que desenvolve uma delas, para que o Brasil seja contemplado quando houver registro. "A Casa Civil está analisando essa assinatura nos próximos momentos, de hoje para amanhã".
Edição: Leandro Melito