No início de junho, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) cruzou dados do último Boletim Focus, do Banco Central, com as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e constatou que o Brasil terá recuperação econômica mais lenta. De cada dez países, nove devem atravessar esse período melhor que o Brasil.
Sabemos que a retomada do crescimento econômico mundial não será fácil, por inúmeros fatores, mas para os brasileiros o fator que mais prejudica a volta do crescimento econômico tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro. A conduta débil e desordenada de Bolsonaro, em lidar com a pandemia, faz com que a recuperação da economia no Brasil seja ainda mais lenta.
Diversos países foram afetados com a mesma intensidade e letalidade pela COVID-19, porém utilizaram medidas efetivas de distanciamento social, de políticas de implementação de renda e linhas de crédito para que a população pudesse se manter, mesmo sem sair de casa; para que as empresas pudessem arcar com suas folhas de pagamento, mesmo de portas fechadas.
O Congresso Nacional faz sua parte aprovando leis que obrigam o governo federal a auxiliar trabalhadores, pequenas e médias empresas e a fomentar a economia. Já o Governo Federal vai na contramão dessas medidas e acumula inúmeros erros. Bolsonaro e sua equipe econômica continuam subestimando a pandemia.
Nós, parlamentares, aprovamos ainda linhas de crédito para socorrer pequenas e médias empresas, e estamos lutando por um pacote fiscal, que, mesmo temporariamente, suspenda as obrigações tributárias. São ações efetivas, já implementadas em outros países, a exemplo da Alemanha, e que podem fazer o dinheiro voltar a circular. Mas, Jair Bolsonaro esquece que 70% dos empregos gerados no Brasil são frutos de pequenas e médias empresas e continua se negando a ajudar esse nicho essencial para a economia.
Em outra pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, junto com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), até o mês de maio deste ano, dos empresários que solicitaram crédito, apenas 14% receberam e 86% ainda aguardam ou tiveram o pedido negado, estimulando ainda mais as demissões e o desemprego.
Auxílios emergenciais, linhas de crédito e empréstimos não ficam parados em poupanças ou embaixo de colchões. São verbas utilizadas pelos trabalhadores e trabalhadoras em supermercados, farmácias, etc. O dinheiro circula e faz a economia crescer de verdade.
As práticas exercidas por Bolsonaro colocam o país em risco, seja na parte econômica, na saúde, e também na posição internacional do Brasil. Prova do descontentamento nacional, são as crescentes reações populares contra o despreparo e descontrole de quem foi eleito para comandar o país.
O número de insatisfeitos cresce e o Brasil já se mostra pronto para dar um basta ao governo Bolsonaro. A reação está nas ruas, nas redes sociais e no dia a dia da população. Agora, mais do que nunca, precisamos vencer o vírus da falta de governança, da falta de engajamento e da ignorância do atual presidente, para que possamos vencer também a COVID-19. Fora Bolsonaro!
*Zeca Dirceu é deputado federal do Paraná pelo Partido dos Trabalhadores e vice-líder da Minoria na Câmara dos Deputados
Edição: Rodrigo Durão Coelho