O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (26) que só há um caminho a seguir depois que pandemia do novo coronavírus for controlada na América Latina: a democracia.
Ele participou de um debate online organizado pela Universidade de Buenos Aires (UBA), ao lado do presidente da Argentina, Alberto Fernández, e de outras lideranças sul-americanas.
“O que vai salvar a América Latina depois da pandemia é uma palavra chamada democracia. Nós precisamos recuperar a democracia na América Latina. A pandemia está mostrando que o mercado não resolve nada, o mercado cuida do seu umbigo. Quem cuida do povo é o Estado”, disse Lula.
O ex-presidente brasileiro lamentou as mortes de vítimas da covid-19 e elogiou o tratamento dado à doença pelo governo de Fernández.
“Eu não sei como será o mundo depois dessa pandemia. Tenho apenas uma certeza: países em que o governo pensou primeiramente na população, como é o caso da Argentina, sairão dessa crise em situação melhor do que os que não pensaram”, declarou.
O líder do Brasil disse sentir dor ao ver ministros e o presidente despreparados. “Quando eu vejo quantas vidas foram salvas na Argentina, me dói muito ver meu próprio país desgovernado, com ministros incapazes de agir para proteger nosso povo e um presidente da República que chega a fazer piada com a tragédia”.
Lula criticou a sanha do governo brasileiro de pensar antes em recuperar a economia em troca de salvar vidas. Ele afirmou que, apesar do momento crítico, está otimista por mudanças.
“A democracia vai permitir que a gente eleja pessoas comprometidas com o povo outra vez, vai permitir que gente discuta modelo de desenvolvimento, vai permitir que a gente faça o pressuposto do país pensando no povo pobre e não no sistema financeiro”.
O ex-presidente declarou que está nas mãos do povo a decisão sobre o que os países serão após a pandemia. “O que vai ser a Argentina, o Brasil, os Estados Unidos e o Paraguai ou a Bolívia depois da pandemia nós é que temos que decidir. Eu sonho com um novo mundo. Eu sonho mais humanismo. Eu não quero algoritmo. Eu quero ser um ser humano. Eu não quero ser um número. É esse mundo que a gente vai poder criar depois da pandemia”.
Edição: Rodrigo Durão Coelho