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Péssimos resultados, falta de transparência e corrupção no Ministério da Saúde

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Os Estados Unidos enviaram cerca de 2 milhões de doses de cloroquina que eles não utilizarão, tratando o Brasil como um quintal de lixo - Reprodução
Esse presidente não tem moral nenhuma para falar nada sobre os governadores.

A ocupação militar feita por Bolsonaro no Ministério da Saúde nos remonta à tríade característica da gestão da saúde em tempos de ditadura no Brasil. Péssimos resultamos sanitários, falta de transparência e corrupção. 

Esta semana tivemos mais duas evidências importantes de que essa tríade passa a se consolidar nesta ocupação militar do Ministério. Primeiro foi a entrevista coletiva feita pelo Ministério da Saúde, onde o próprio ministério teve que reconhecer que a afirmação feita pelo ministro da saúde na semana passada, de que o Brasil havia atingido um "platô" da covid-19, não era verdadeira

O Ministério da Saúde teve que reconhecer que trabalhava com dados defasados que foram apontados pelo próprio levantamento feito pelas secretarias estaduais de saúde, juntamente com o consórcio de imprensa, um conjunto de pesquisadores e o nosso próprio mandato. Nós apoiamos essa investigação que mostrava que em vários estados existia uma contradição entre a informação apresentada pelos estados e a informação apresentada pelo Ministério da Saúde.

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E mesmo dentro de alguns estados, como o estado de São Paulo, existiam cerca de 11 mil casos confirmados pelos municípios que não tinham sido anunciados nem pelo governo do estado e nem pelo Ministério da Saúde. 

O chamado "platô", apresentado pelo ministro na semana passada, passa a integrar os anais, assim como o inverno no nordeste, em mais uma demonstração de despreparo dos generais e dos militares que ocupam o Ministério da Saúde, sobretudo para aspectos básicos, seja de geografia, seja de evolução da epidemia e interpretação de curvas e dados.

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Outras evidências vêm à tona neste momento, como por exemplo o fato de os Estados Unidos terem enviado cerca de 2 milhões de doses de cloroquina que eles não utilizarão, tratando o Brasil como um quintal de lixo e a produção excessiva de cloroquina pelo laboratório do Exército, que está sendo responsável por um estoque não aproveitado deste medicamento no Ministério da Saúde. Em relação a esta produção, há um custo de aquisição dos insumos que vêm diretamente da Índia e que custam seis vezes mais do que o custo normal. 

Bolsonaro faz uma campanha contra os governos estaduais e locais – e inclusive incita sua horda violenta ao invadir hospitais – acusando governos estaduais e locais de terem feito compras com valores exagerados de ventiladores mecânicos e equipamentos para as unidades de tratamento intensivo (UTI). Essas denúncias devem ser apuradas, mas um presidente que mandou fazer um medicamento absolutamente ineficaz para a covid-19, a um custo seis vezes maior do que o normal, também deve ser investigado.

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Esse presidente não tem moral nenhuma para falar nada sobre os governadores. É muito importante que a sociedade civil, o controle social do Sistema Único de Saúde (SUS) e nós no parlamento continuemos a fiscalização sobre o mau uso dos recursos da covid-19 pelo governo federal ou por qualquer governo. E o pior uso é aquele feito de forma irregular e para ações que são reconhecidamente ineficazes. 

Edição: Rodrigo Chagas