Comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) visitou, nesta semana, as estruturas dos Postos de Atendimento Social Integral da Venezuela para conferir o tratamento dado a imigrantes e o combate à covid-19. Nos dias 23 e 24 de junho, os especialistas da ONU visitaram unidades de saúde, alojamentos e postos de atenção ao imigrante na cidade de Santa Elena de Uairén, no estado Bolívar, na fronteira com o Brasil. Nos próximos dias também devem inspecionar as bases de atendimento no estado Táchira, na fronteira com a Colômbia.
A comitiva é integrada pelo coordenador da missão das Nações Unidas na Venezuela, Peter Grohmann; o representante da Agência de Refugiados da ONU (Acnur), Matthew Crentsil; o encarregado da Organização Internacional para a Imigração (OIM), Jorge Vallés; e a chefe do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Samir Elhawary.
No estado Bolívar, os especialistas foram recebidos pelo governador Justo Nogueira, que apresentou o plano de contenção da pandemia elaborado para atender os moradores da região e também aqueles que chegam do território brasileiro.
"Reconhecemos o procedimento que o governo está implementando para receber os venezuelanos, um esforço sério. Também lembramos que a Organização das Nações Unidas já está aqui oferecendo apoio há algum tempo, com várias agências", assegurou o coordenador da missão da ONU, Peter Grohmann.
No estado Bolívar, foi inaugurado um hospital de campanha para atender os infectados. Assim que cruzam a fronteira, os venezuelanos devem fazer o teste rápido, do tipo PCR. Se dá positivo, as pessoas atendidas são levadas para o hospital, e aqueles que testam negativo devem permanecer 14 dias nos alojamentos do Estado – pousadas e hotéis alugados. Depois de passar por novos testes, os venezuelanos são levados às suas regiões de origem em ônibus fretados pelo Executivo nacional.
A Venezuela foi o primeiro país do continente americano a decretar quarentena em todo o território nacional e o fechamento de fronteiras, no dia 14 de março. Desde março até 14 de junho, 59 mil cidadãos retornaram ao país pelos corredores humanitários terrestres e aéreos. Desse total, 2.451 regressaram do território brasileiro e, entre eles, 193 estavam contaminados.
:: Conheça o plano de repatriação do governo venezuelano ::
Hoje o país vive o maior pico da pandemia, com 4.563 infectados e 39 mortos. Entretanto, mais de 1,3 mil pessoas se recuperaram, equivalente a 29% do total. Segundo o governo bolivariano, cerca de 80% dos casos são importados, ou seja, são de pessoas que estiveram em outros países e retornaram à Venezuela durante a pandemia.
O descontrole da pandemia no Brasil levou as autoridades venezuelanas a denunciar o governo de Jair Bolsonaro na ONU por negligência no combate ao novo coronavírus.
O caso mais recente foi o do cônsul Faustino Torrella Ambrosimo, que comandava a sede diplomática venezuelana em Boa Vista (RR). Ele testou positivo para covid-19 e teve seu tratamento negado nos hospitais brasileiros, segundo denunciam as autoridades venezuelanas.
Edição: Camila Maciel