Resistência

Frente Brasil Popular pede recuo na reabertura de Belém e alerta governo sobre riscos

Capital está na bandeira laranja, risco médio; organizações pedem o recuo para a bandeira vermelha, risco alto

Brasil de Fato | Belém (PA) |
Paciente com covid-19 sendo transportado de helicóptero de Breves, no Marajó, para ser tratado em Belém - Tarso Sarraf/AFP

Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) até às 20h do último domingo (28), o Pará havia registrado 4.870 mortes em decorrência do novo coronavírus.

Já em abril, a Frente Brasil Popular alertou o governo sobre a crise sanitária por meio de um documento intitulado "Plataforma Estadual Emergencial", com propostas para o combate à pandemia. 

Na última quinta-feira (25), a organização se posicionou novamente contra a forma como está sendo conduzido o enfrentamento à crise e solicitou ao governo do Estado o recuo da reabertura econômica. Atualmente, a capital está na bandeira laranja, que considera risco médio, mas a nota elaborada por diversas entidades pede o recuo para a bandeira vermelha.

Até está segunda-feira (29), não houve resposta por parte do executivo paraense em relação a esse pleito.

Para Ádima Monteiro, da Frente Brasil Popular, se desde abril o governo tivesse adotado as medidas sugeridas pelas organizações sociais, o número de óbitos e de infectados no Pará seria consideravelmente menor. Atualmente, o Pará tem 101.207 infectados pela doença. Destes, 19.133 são na capital, Belém. 

"Nesse momento a gente entende que para preservar a economia paraense, tanto a população, quanto a saúde mental das pessoas, é muito mais prudente manter a região metropolitana de Belém na bandeira vermelha, que é a intermediária", defende. 

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Desde o fim do lockdown, no dia 24 de maio, o governo do Estado deixou a cargo dos prefeitos a tarefa de optar ou não pela reabertura do comércio. Desde então, a decisão quanto às medidas na capital paraense, Belém, são de atribuição do prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB).

Na semana passada, ele anunciou que no dia 1º de julho, os restaurantes serão reabertos, mas as escolas e creches permanecerão fechadas e ficarão para última fase da reabertura econômica, ainda sem prazo definido.

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Reabertura econômica 

O plano de reabertura econômica proposto pelo governo do Pará funciona de forma a classificar as regiões como zonas que variam de 0 a 5. Cada zona tem uma bandeira: preta (lockdown); vermelha (risco alto); laranja (risco médio); amarelo (intermediário); verde (risco baixo); azul (risco mínimo). 

O Pará iniciou o lockdown em 7 de maio e encerrou dia 24 do mesmo mês, saindo da bandeira preta (lockdown) para a bandeira laranja (risco médio).

No dia 25 de maio, quando o governo do Estado divulgou o plano, os dados apontavam 2.785 mortes em decorrência do novo coronavírus e 31.132 infectados. Apenas um mês depois da medida, o número de infectados praticamente triplicou e o de mortes mais que dobrou. 

Euci Ana Costa, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) diz que desde o início da pandemia o posicionamento da CUT é pela defesa do isolamento social e também para a garantia do acesso à renda, aos serviços essenciais e básicos e também pela proteção dos trabalhadores que estão à frente dos serviços essenciais.

"Nós, tanto a CUT Pará, mas também em conjunto com o Fórum das Centrais, em conjunto na Frente Brasil Popular construímos uma plataforma política desde o início para poder dialogar apresentando quais medidas o governo poderia tomar para prevenir, mas também para poder dar um suporte de sobrevida para o povo que está desempregado, que está sem trabalho e que fica sem renda", ressalta.

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Euci explica ainda que a Frente Brasil Popular acompanha o processo de retomada da economia com muita atenção e que na verdade eles esperavam uma escuta, por parte do governo, dos setores para que somente assim o comércio fosse reaberto. 

"Para a nossa surpresa essa construção se deu de uma forma muito veloz, sem mais comunicação. Principalmente a partir de que a gente sai do lockdown e vai praticamente para uma reabertura total dos serviços não essenciais", ressalta. 

A Frente Brasil Popular também protocolou a nota na última sexta-feira (26), na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) reforçando a necessidade de que a Região Metropolitana de Belém seja imediatamente transferida da bandeira laranja para bandeira vermelha.

O texto também pede que o governo apresente à sociedade civil embasamento técnico e plano de segurança e prevenção para que a RMB possa, posteriormente, transitar da bandeira vermelha para a bandeira laranja.

A nota pede ainda que seja feito amplo investimento em saúde para Altamira, Cametá, Abaetetuba, Marabá, Santarém, Redenção, implantando hospital de campanha – onde ainda não houver - e providenciando todos os equipamentos necessários para as demais unidades de saúde para que estejam aptos a atender casos de baixa, média e alta complexidade; e que os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras sejam preservados enquanto durar a pandemia, além de outras medidas que valorizem a vida da população.

Edição: Leandro Melito