A Justiça iraniana emitiu um mandado de prisão contra Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, pelo bombardeio que matou o general Qassem Soleimani em 3 de janeiro de 2020, informou nesta segunda (29) a agência de notícias do país, Fars. Outras 35 pessoas também são acusadas como responsáveis pela ação, considerada terrorista pelo governo do Irã.
Em entrevista à Fars, o procurador-geral de Teerã, Ali Alqasi Mehr, fez o anúncio sobre os mandados de prisão. Segundo ele, o Irã também acionou a Interpol para cumprimento da ordem judicial. Mehr destacou que Trump está "no topo da lista" e será processado "assim que deixar a Presidência".
Militar mais poderoso do Irã e comandante da Força Quds, unidade especial do Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica, Soleimani foi morto em um bombardeio americano no aeroporto internacional de Bagdá, capital do Iraque.
A morte provocou revolta entre os iranianos e uma série de protestos contra os Estados Unidos por dias consecutivos.
Na ocasião, Igor Fuser, professor de Relações Internacionais da UFABC, também classificou a ação de Trump como um ato terrorista.
“O general assassinado era um dos principais comandantes militares, não era um terrorista, uma pessoa fora da lei, um Osama Bin Laden. Uma figura contra a qual nunca houve uma denúncia ou processo internacional, absolutamente nada. É importante ter claro que se trata de um crime de grandes proporções”, disse Fuser.
“O Irã, um país soberano que evidentemente não foi consultado, foi atropelado por essa ação militar estadunidense. Com esse ato terrorista, os Estados Unidos dão mais um passo para se tornarem exatamente aquilo que eles dizem combater: estados bandidos, se comportando no mundo como um Estado fora da lei, que não respeita nenhuma norma internacional, os direitos humanos e a soberania de nenhum outro país”,criticou.
Marcelo Zero, especialista em Relações Internacionais e membro do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais (GR-RI), considerou o assassinato do líder iraniano um erro estratégico da Casa Branca. O objetivo da ação militar, de acordo com ele, era conter a influência do Irã sobre países vizinhos.
“A minha impressão é que o Trump foi mal influenciado por alguns extremados do departamento de estado norte-americano para assassinar Soleimani e, com isso, tentar conter essa influência do Irã no Iraque. Tentar manter as suas bases, as suas tropas, em uma região que eles consideram estratégica. Mas isso pode, realmente, ser contraproducente para os interesses norte-americanos, porque provocou uma revolta na população, não apenas do Irã, mas em toda a população xiita do Oriente Médio”, afirmou o especialista.
Em resposta ao ataque contra Soleimani, o país persa bombardeou bases americanas no Iraque, mas derrubou, por engano, um avião da Ukraine International Airlines com 176 pessoas a bordo.
Edição: Rodrigo Durão Coelho