Entregadores de aplicativos fecharam a Ponte Estaiada na zona sul de São Paulo (SP) na tarde desta quarta-feira (1), durante paralisação nacional por melhores condições de trabalho. Segundo os organizadores, cinco mil trabalhadores se juntaram à manifestação na capital paulista no auge da mobilização.
Entre as reivindicações da categoria estão o aumento da taxa mínima, fim dos bloqueios injustos contra os entregadores e auxílio dos aplicativos para os trabalhadores que se contaminarem com covid-19 ou se acidentarem.
"A gente roda São Paulo inteiro por R$14, R$15 e não tem benefício nenhum. Não tem condições de continuar trabalhando desse jeito. De oito horas da manhã até onze da noite pra ganhar R$100, é cruel. Não tá dando mais pra aguentar isso ai. Esses aplicativos, ou eles melhoram ou a gente vai ficar fazendo greve direto, até eles melhorarem. Ou eles caem fora do Brasil e volta ao que era antigamente, a gente tinha os contratos dentro das empresas, trabalhava registrado, hoje em dia não tem mais isso", reivindica o motoboy Alexandre Lima Brito.
Os entregadores começaram a se reunir em 13 pontos da capital paulista antes da manifestação, que teve início por volta das 14h, na Avenida Paulista. Um dos pontos de concentração é o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na Avenida Consolação.
"Isso aqui é importante pra todo mundo, acabar com a escravidão dos aplicativos, as baixas taxas pelo motivo de termos CLT pra gente ter algum seguro, porque a gente depende disso, as nossas famílias, a gente leva o alimento pras casas", defende o motoboy Cláudio Brandão, que participa da manifestação na região central de São Paulo (SP). "A gente sai cedo de casa, volta meia noite e dorme pouco. Está difícil", desabafa.
Trabalhadores se reuniram também em frente ao shopping Center 3, na Avenida Paulista, para impedir a retirada de pedidos no local e falar sobre a importância da paralisação para aqueles que ainda não aderiram ao movimento.
"A gente está unido através do sofrimento comum dos companheiros. A sensação de estar aqui é ótima. Eu acho que não tem coisa melhor no mundo que essa daqui, é coisa que o dinheiro não pode comprar, coisas que o capitalismo odeia, que não pode comprar", considera o motoboy paulistano Paulo Lima. Conhecido como Galo, ele criou o Movimento dos Entregadores Antifascistas em meio à pandemia do novo coronavírus.
"A classe trabalhadora tem que se unir pro arrebento. Os caras estão com processo de rasgar a carteira de trabalho de todo mundo e não podemos deixar. Vamos pra cima", defende.
Rio de Janeiro
Na manhã desta quarta-feira (1°), entregadores da região metropolitana do Rio de Janeiro se reuniram em Niterói, em frente ao terminal das barcas, no centro da cidade, como parte das atividades da paralisação nacional, divulgada nas redes sociais como #BrequeDosApps. Após o ato, realizaram uma carreata até a zona sul da cidade exigindo melhores condições de trabalho.
Brasília
Em Brasília (DF), entregadores se concentraram por volta das 10h nas imediações do Palácio do Buriti, sede do governo distrital.
De acordo com a Polícia Militar do DF, entre 150 e 200 manifestantes estiveram mobilizados no cortejo dos entregadores de Brasília. Os trabalhadores desceram a Esplanada dos Ministérios e se concentraram novamente em frente ao Congresso Nacional, onde a pauta do grupo tem eco entre alguns deputados. Eles pressionam pela criação de uma frente parlamentar para tratar da pauta do segmento. A mobilização em Brasília encerrou por volta das 12h.
Os trabalhadores levantaram diferentes pontos na pauta da greve. Entre eles, a luta contra o bloqueio dos perfis dos entregadores nos aplicativos, que o grupo aponta como algo de rito sumário, e o aumento da taxa recebida por eles pelas corridas.
“As empresas não estão dando nem R$ 1 real por km. Umas pagam R$ 0,75, outras R$ 0,85. A gasolina e a manutenção da moto, das bikes aumentam e não tem nenhum reajuste. Além disso, com o aumento dos entregadores nas ruas, está cada vez mais difícil a gente bater uma meta”, afirma o presidente da Associação de Motofretistas Autônomos e Entregadores do DF (AMAEDF), Alessandro da Conceição.
Fortaleza
No Ceará, entregadores de aplicativos aderiram à paralisação nacional da categoria marcada para esta quarta-feira (1). As manifestações que acontecem em vários estados do Brasil têm entre as reivindicações reajuste de preços por quilômetro rodado, fim dos bloqueios indevidos, entrega de equipamentos de proteção individual durante a pandemia e apoio contra acidentes.
Em Fortaleza, centenas de trabalhadores participaram das atividades, que encerrou com os trabalhadores concentrados na Praça da Imprensa.
Curitiba
Durante a paralisação em Curitiba, capital do Paraná, houve manifestação de motoboys e ciclo entregadores pelas ruas centrais da cidade. O movimento pediu apoio da população para que não houvesse entregas via aplicativos nesta quarta-feira. O objetivo é para que as empresas, tendo menor número de pedidos, se sensibilizem com o movimento e as reivindicações.
Confira como foi a mobilização dos entregadores pelo país
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Edição: Leandro Melito e Rodrigo Durão Coelho