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Por melhores condições de trabalho, entregadores de apps paralisam em Porto Alegre

Manifestação que ficou conhecida nas redes como “Breque dos Apps” faz parte da greve nacional da categoria

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Concentração na Praça da Alfândega, antes da caminhada pelas ruas da cidade - Volnei Piccolotto

Entregadores de aplicativos de todo o país se uniram nesta quarta-feira (1º) para o “Breque dos Apps”, uma paralisação nacional por melhores condições de trabalho. Em Porto Alegre (RS), dezenas de entregadores e apoiadores do movimento se reuniram em frente ao McDonald's da Praça da Alfândega, no centro da cidade, no final da manhã.

Durante a concentração, o grupo empilhou as bags usadas para carregar as encomendas, que traziam cartazes de protesto cobrindo os logos das empresas. Antes de seguirem pelas ruas da cidade, anunciaram as reivindicações da categoria por melhores condições de trabalho.

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Sem direitos e com jornadas exaustivas, a categoria reivindica pontos como o aumento da taxa mínima, fim dos bloqueios injustos contra os entregadores e auxílio dos aplicativos para os trabalhadores que se contaminarem com covid-19 ou se acidentarem.

Eles falam que a gente é empreendedor, mas aqui só tem força de trabalho mesmo.

“Aqui tem um monte de trabalhadores, mostrando as contradições às quais a gente está exposto. Eles falam que a gente é empreendedor, mas aqui só tem força de trabalho mesmo”, afirma a entregadora Tirza Ferreira, integrante do movimento Entregadores Antifascistas em Porto Alegre.

Além disso, os entregadores pedem suporte das empresas durante a pandemia. “A gente tá trabalhando arriscando as nossas vidas e a de quem mora com a gente. Passamos o dia inteiro na rua e eles não dão uma gota de álcool em gel”, critica.


Entregadores cobram das empresas o fornecimento de ítens de proteção para trabalharem durante a pandemia / Volnei Piccolotto

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Os entregadores percorreram as ruas centrais, seguindo até o Moinhos de Vento, bairro de classe alta da capital gaúcha. Em frente do McDonald's da Rua 24 de Outubro, após uma tentativa de bloquear o drive-thru do estabelecimento, a Brigada Militar interveio solicitando a liberação, quando os entregadores definiram impedir apenas outros entregadores não grevistas que viessem a retirar pedidos.

O grupo seguiu mobilizado, ocupando a rua a cada sinal vermelho para os carros, denunciando as precárias condições e as reivindicações do movimento e fazendo um apelo à população: “Se puder nos ajudar divulgando e não pedindo hoje nos aplicativos, nós estamos aqui na luta”. Em seguida, desceram a Avenida Goethe em direção ao McDonald's da Avenida Silva Só, onde novamente bloquearam a entrega de pedidos por aplicativos.

Por fim, seguiram até o Burger King da Avenida Ipiranga, onde realizaram mais uma intervenção. Conforme Tirza, o trajeto foi pensado para percorrer os locais que trazem mais problemas aos trabalhadores em relação à demora dos pedidos.

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Nota de apoio ao movimento

O Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito lançou uma nota manifestando seu apoio ao movimento dos trabalhadores de aplicativos por melhores condições de trabalho. Confira:

As inovações tecnológicas, com a criação de empresas que prestam serviços por aplicativos, têm gerado intensas e injustas modificações nas relações de trabalho. No entanto, não foi estabelecida até agora uma regulamentação capaz de retirar da condição de desamparo um grande e crescente contingente de trabalhadores.

Com longas jornadas e baixa remuneração; sem vínculos empregatícios reconhecidos; sem auxílio para os gastos com o veículo próprio utilizado no trabalho, inclusive em caso de acidente durante a jornada; sem equipamentos de proteção individual e cobertura de pagamento em caso de doença e sem garantias previdenciárias, os entregadores de aplicativos estão realizando uma paralisação geral nesse dia primeiro de julho por melhores condições de trabalho.

Dentre as reivindicações, estão o aumento do valor das corridas e pacotes e o aumento da taxa mínima por entrega; o seguro contra roubo, de acidente e de vida; o auxílio pandemia (EPI e licença); o fim dos bloqueios e desligamentos arbitrários e da pontuação.

A gravidade da situação de desamparo dos trabalhadores de aplicativos levou o Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito a estabelecer o tema "Uberização, precarização e flexibilização do trabalho" para seu encontro virtual de “Debate de Conjuntura Econômica”, a ser realizado no dia 10 de julho próximo. O debate contará com a participação de pesquisadores e estudiosos do assunto e de um representante do movimento dos entregadores de aplicativos.

Tendo como bandeira central a defesa da democracia, o Comitê reafirma o compromisso assumido em sua fundação com um modelo de desenvolvimento do país com inclusão social, capaz de gerar empregos e proteger os trabalhadores, e, coerentemente com esse compromisso, manifesta publicamente seu apoio ao movimento dos entregadores de aplicativos.

TODO APOIO AO MOVIMENTO DOS ENTREGADORES DE APLICATIVOS!

NO DIA PRIMEIRO DE JULHO, NÃO PEÇA ENTREGAS POR APPs!

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Rodrigo Chagas e Katia Marko