Após direcionar mais de R$ 1 milhão para cooperativas de agricultura familiar do sul do país, o movimento de Financiamento Popular (Finapop) apoiará projetos no Nordeste.O lançamento foi anunciado nesta terça (30) e irá apoiar cooperativas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que trabalham na produção de mel, mandioca e cacau orgânico.
Segundo Eduardo Moreira, economista que concebeu o projeto em parceria com o MST, a proposta nessa segunda etapa é seguir aproximando investidores de projetos agroecológicos, por meio de linhas de investimento e crédito mais justas do que as praticadas pelos bancos.
“A gente quer estimular as pessoas, ao invés de deixarem seu dinheiro parado nos bancos, que acaba sendo investido em projetos que aumentam essa estrutura desigual e injusta que a gente tem.o Finapop vai permitir que as pessoas possam investir em um mundo que elas acreditam.” afirma o economista.
Com taxa de juros de 5,5% ao ano e prazos de pagamento mais flexíveis do que os do mercado, o Finapop irá contemplar projetos dos estados do Ceará, Bahia e Maranhão. Os selecionados vêm de cooperativas que produzem mandioca, mel e cacau orgânico que enfrentam dificuldades de acessar os recursos necessários para expansão de suas cadeias produtivas.
“Para a gente bater no Banco do Brasil, o guarda pergunta logo o que que eu fui fazer ali. Então tem muito isso, o gerente nunca vai querer receber um sem terra com boné na sua sala, ele vai atender um fazendeiro que chega com uma caminhonete grande. então o Finapop é isso, é um grande movimento envolvendo aqueles que querem investir na saúde, na vida, no alimento saudável e o movimento popular, que não vai ter nenhuma brecha dos bancos porque eles não financiam a agricultura familiar, só o agronegócio e o agrotóxico.” informa Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST.
Mel orgânico
Responsáveis pela produção diária de mais de 1 tonelada de mel, famílias famílias assentadas nos municípios de Mombaça, Pedra Branca, Monsenhor Tabosa e Tamboril, no Ceará, poderão agora além de produzir, manufaturar, beneficiar e comercializar diretamente seu produto. Segundo informa Sheila Rodrigues, uma das assentadas, com a ampliação da agroindústria do mel, a produção poderá chegar a 6 toneladas diárias do produto.
“Com esse financiamento a gente pode processar, comprar dos produtores, dos cooperados e não cooperados a um preço justo, filiar mais mais pessoas. a gente pode levar nosso produto para levar nosso mercado convencional, com a nossa marca. Porque que muitas vezes você nem sabe da onde vem aquele produto e as vezes é da reforma agrária, e a gente não conseguia dar visibilidade disso.” diz Rodrigues.
Edição: Rodrigo Durão Coelho